domingo, 24 de março de 2013

Balanço de 2012



2012 não foi um ano com tantas mudanças quanto eu esperava, mas as mudanças que aconteceram foram essenciais. De janeiro a junho posso resumir em planejamento, expectativa, angustia e impaciência. Queria sair do emprego, mas não podia enquanto minha vida financeira não estivesse 100% organizada, então os seis primeiros meses foram em cima de trabalho e organização.

Em julho atingi a meta e pedi minha demissão. Saí tranquilamente, de coração aberto e sem olhar para trás. Sinto orgulho por ter trabalhado naquela organização por cinco anos e fazer parte da história da comunicação da entidade. Mas depois desses cinco anos eu precisava de mais e maiores desafios.

Com os seis meses de organização consegui ficar desempregada por opção e matei algumas vontades: fiz uma tatuagem, dei-me dois meses de férias, viajei para Buenos Aires, aperfeiçoei o espanhol, conheci gente interessantíssima, fiz amigos, vivi momentos únicos e terei perfeitas lembranças e histórias para a vida toda. Viajar sozinha me ajudou a crescer, a me conhecer melhor e a entender um pouco mais do mundo ao meu redor. Foi uma experiência e tanto!  

A partir de setembro comecei a procurar emprego e o consegui em outubro. Com otimismo e oração fiquei desempregada pouco tempo. Em novembro iniciei em uma empresa nacional que é referência em sua área. Não posso dizer que cheguei onde queria, pois conseguir o emprego foi só o começo, ainda tenho muito trabalho e muitas realizações para serem conquistadas daqui para a frente. Mas posso dizer que o primeiro passo já foi dado!

Não comprei meu carro, não sai da casa dos meus pais, não encontrei o amor da minha vida. Por isso digo que não tive tantas mudanças quanto esperava e por isso mesmo as que existiram foram essenciais! Daqui para a frente, os outros objetivos são uma questão de meta e tempo. Metas para os objetivos financeiros e tempo para o coração!

Minha vida sentimental ficou sem grandes explosões nesse ano, deixei o tal do coração de lado. Foram romances terminados antes de começar ou boicotados antes mesmo de poder dizer que existiram. Não houve os fogos de artifício que a gente espera, então supus que não havia história pra ser começada.

Houve expectativa? Sim, houve e muita! Expectativa de uma visita inesperada, de cruzar os olhos com alguém e descobrir ali uma grande história. Como também houve o medo de já ter vivido essa história e ter a jogado fora ou de já ter conhecido esse grande amor e tê-lo deixado passar. Foram essas e outras dúvidas que pairaram no meu pensamento durante o ano e nenhum vento forte ou tempestade jogou-as para longe.

O coração ficou ali quieto, silencioso, um pouco medroso. Talvez eu precisasse mesmo dessa pausa, desse tempo, pra me entender, pra saber exatamente o que eu quero pra mim e não perder mais tempo, nem o meu e nem o dos outros.

Quem sabe 2013 reserve todas as mudanças que eu espero ou quem sabe ainda melhores do que as que eu espero, é o meu sincero desejo!!!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Minha relação com as letras

Quem me conhece sabe que eu tenho paixão por leitura. Por mim, eu moraria em uma biblioteca ou perfumaria minha casa com cheiro de livro novo. Quando passo em frente a uma livraria é inevitável uma rápida olhada nos lançamentos. Não tenho a quantidade de livros que gostaria na minha estante, nem sempre tive muito dinheiro para investir em livros, mas tive a sorte de descobrir as bibliotecas públicas bem cedo na minha vida.

Confesso que já fui do tipo que exorcizava alguns tipos de leituras como autoajuda ou essas trilogias de romances juvenis que viraram moda. Mas parei de julgá-los [os livros] quando percebi que meus próprios amigos os liam. Preferi me converter a filosofia do "o importante é ler, seja lá qual for a leitura”.

Conheci o encanto das letras quando minha mãe lia para eu dormir um livro de parábolas, antes mesmo de eu aprender a ler. Era uma moral da história por dia para mim e uma oportunidade para minha mãe ser criativa na educação. Cada vez que eu pensava em mentir quando criança, lembrava do garoto que mentia tanto e o tempo todo e que na única e última vez que falou a verdade, gritando por socorro enquanto se afogada, não teve atenção de ninguém, pois todos pensaram que fosse outra de suas mentiras.

Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescer, respondia: escritora. Hoje eu penso, que criança no mundo responde "escritora" para tal pergunta? Na intenção de tornar verídico o desejo ainda criança eu escrevia poemas, poemas infantis, lógico. Os temas variavam entre a abelhinha curiosa, sorvete de arco-íris e as flores mal criadas. Em meio a uma de nossas mudanças de endereço esses manuscritos com direito a ilustrações da autora se perderam. Quem dera minha mãe tivesse guardado essas modestas e coloridas folhinhas.

Certa vez, na faculdade, um conhecido e premiado autor ministrou aula de redação para a minha turma. Critovam Tezza é seu nome. Que alegria ter aula com um autor de verdade, pensava eu e concluía que deveria sugar o máximo de sua experiência naquelas aulas. Um dia, o professor deu um trabalho para aqueles alunos, entregou uma lista de cem livros e pediu que em duplas escolhêssemos uma daquelas obras e criativamente contássemos a história para a turma.

Eu e minha dupla, não lembro bem por qual motivo, escolhemos "Cem Anos de Solidão", do Gabriel García Marquez. Para a apresentação, como muitas das demais duplas, pensamos no óbvio: montar uma peça de teatro. Porém, um dia antes da apresentação, tínhamos o figurino e não tínhamos as cenas prontas. Lembro que sentei na mesa do quarto de um ex-namorado e comecei a escrever sobre o livro. Resultado: contei as quase quatrocentas páginas do livro em um poema de doze estrofes com quadras de versos rimados. Orgulho de responder “SIM” quando o professor perguntou se fomos nós mesmas que escrevemos o poema depois do recitá-lo para a classe.

O prazer imensurável da leitura me trouxe também a coragem de escrever, sejam os poemas infantis ou esses posts no blog. Aqui, posso escrever sobre qualquer coisa, sem a pretensão de que milhões leiam ou de tornar-me uma blogueira famosa. Escrever pra mim é uma forma de terapia e eu escrevo o tempo todo, independe de postar no blog ou não. Sentar para escrever é mais barato que sentar em um divã. Expor emoções, sentimentos em forma escrita é melhor e mais divertido que ler um livro de autoajuda, ao menos para mim.

O último livro que li e me emocionou muito foi Cuentos de Eva Luna, de Isabel Allende. Sou muito fã de escritores latinoamericanos, considero esse realismo fantástico deles sensacional. Aproveitei a minha viagem para Buenos Aires nesse ano e comprei várias obras em espanhol: Allende, García Marquez, Benedetti e Cortázar. E por falar em Buenos Aires, todos devem conhecer o El Ateneo, um teatro/livraria lindíssimo. Na lista “coisas para se fazer antes de morrer” está "visitar livrarias dignas da paixão pela leitura".

Enfim, assim como as morais das histórias contadas pela minha mãe, assim como completar a leitura da lista de livros indicada pelo Tezza que também entrou para a lista das “coisas para se fazer antes de morrer”, tenho certeza que podemos tirar grandes recompensas desses nossos companheiros. Como diz a propaganda do American Express "Com ele posso estar em mais de um lugar ao mesmo tempo, conhecer gente interessante, mesmo estando sozinha. Cada página que eu viro é uma nova porta que se abre, é um novo lugar que eu entro".

Agora, vou voltar para o meu Arturo Bandini!

Beijos

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Moça urbana vai para o interior

Nesse feriado de 12 de outubro, dia da padroeira do Brasil, quando se comemora o dia das crianças, eu me dei de presente uma viagem para o interior de Santa Catarina, um lugar que me deu boas histórias da minha infância. Na verdade, eu não me dei de presente, me deram. Minha mãe na saudade da terra natal e da família me levou na bagagem.

Eu confesso que não tenho muita paciência para o interior e que três dias é o máximo de tempo que consigo passar entre plantações e animais. Porém, quando era criança, a vontade dos meus pais prevalecia sobre a minha e eu ainda não conhecia computador, então passava boa parte das férias em meio às plantações de fumo, pinus e eucalipto.

Itaiópolis, norte de Santa Catarina, fica pertinho de Mafra, adjunta ao rio que divide os estados do Paraná e Santa Catarina. Tem cerca de 20 mil habitantes e sua economia é movida por madeira, erva mate e fumo. Infelizmente, depois de adulta, descobri que as gigantescas plantações de pinus e eucaliptos que me encantavam e ao mesmo tempo me assombravam quando criança, hoje somente preenchem a predação dos recursos naturais da região. Uma pena!

Minha avó morava nas proximidades da cidade. Hoje, visito apenas um tio que possui um sítio na região. Infelizmente, se a família não é unida todos acabam se afastando depois da morte dos anciãos. São três horas viajando de carro em estrada de terra a partir do centro de Itaiópolis até encontrar o sítio. Chegando lá, os labradores vêm nos receber no portão. Os novilhos são recolhidos ao anoitecer e o papagaio falante, no meio da sala, fica tímido com a presença de estranhos.
Plantação de fumo

Lá, se o marido ou esposa morre, rapidinho os viúvos se casam novamente. A diversão dos mais velhos é contar quem morreu, quem está vivo e quais doenças afligiram os sobreviventes. Eles acordam às 5h30 da manhã para ir à roça, minha tia só pára poucos instantes para compartilhar o chimarrão, fora isso, intercala o preparo do café da manhã, almoço, café da tarde e janta com as rotinas da roça. Tenho a impressão que ela passa o dia todo cozinhando e ela faz isso com uma habilidade e rapidez impressionantes.

Meus primos me fazem parecer uma suíça. Tratam-me como se eu fosse riquíssima e menosprezasse tudo que é do interior. Para eles, minha cerveja custa noventa reais e meu shampoo é de ouro. Mas eles sabem que não sou uma pessoa arrogante e tudo acaba virando uma grande piada. Mal sabem eles que a casa que eles moram no sítio equivale a duas da minha e que aqui na cidade moramos empilhados uns em cima dos outros.

Dei azar, o tempo estava chuvoso e não consegui visitar as redondezas e ver todo seu verde, seus lagos e seus animais. Não consegui andar à cavalo, tirar leite de vaca, recolher os ovos das galinhas, dar comida aos porcos, colocar o fumo pra secar, coisas que eu fazia nas férias da infância no interior. O programa foi o rodizio do chima, botar a conversa em dia em meios as várias refeições carinhosamente preparadas e assistir Rodrigo Faro na TV com meus tios e primos. Não preciso citar que não tinha internet, muito menos sinal de celular.

Percebi como eles são felizes com pouco, porém esse pouco é totalmente suficiente. Eles não precisam de roupa de marca, de cafés especiais, de chocolates finos, de restaurantes chiques, de cerveja importada e tudo para eles é motivo de risadas. São felizes, ao natural, literalmente! Percebi como nós somos frescos e fúteis e como não valorizamos as coisas que estão na nossa frente. O alface que comemos, a carne assada que preparamos, o queijo dos nossos sanduíches, até mesmo o cigarro que fumamos. Tudo tem origem da terra e mal sabemos que a cinco horas de Curitiba, ou menos, tudo isso é produzido para nosso bem estar.

Imitamos ironicamente as pessoa que falam com o sotaque do interior, sem nos darmos conta que se não fossem eles sabe Deus o que estaríamos comendo agora. Já pensou se todos os agricultores do mundo resolvessem fazer greve, mudar de rumo, tentar a sorte na cidade grande?

Fato, quem não foi criado na rotina deles não se acostuma. Eu mesma, não consigo ficar muito tempo no sítio meu tio, por mais lindo e receptivo que seja. Mas quero deixar registrado aqui no blog os meus agradecimento à eles, meus tios e primos, por nos receber tão bem e à todos os agricultores do mundo pelo alimento de cada dia. Ainda bem que existe vida no interior!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Show das mulherzinhas cantarolantes

Setembro foi o mês dos shows, ao menos para mim. Não tantos quanto eu gostaria, mas o suficiente para me satisfazer quando o mês terminou. Dois no total. Mas lhe digo, se eu fosse em dois shows por mês, certamente eu seria uma pessoa mais feliz. Assistir mais shows foi uma das minhas metas não cumpridas para o ano de 2012. Deixei de ir a muitos bons na cidade e fora dela, algumas vezes por falta de dinheiro, de companhia ou de um pouquinho mais de esforço próprio. Estenderei a meta para o próximo ano e aproveitarei as últimas oportunidades nesses dois últimos meses que nos restam.

Os shows, bem, foram apenas dois, mas foram dois grandes shows, por coincidência shows de duas mulheres, as quais fazem parte do meu playlist "mulherzinhas cantarolantes": Tulipa Ruiz e Maria Rita.
Tullipa – Se você pensa que uma moça com nome de flor vai ser delicada, se engana. Ela é impetuosa, intensa, brutal, fala palavrão, ocupa cada milímetro do palco, se arrasta no chão, como uma víbora. Ela é psicodélica, brilhante, ofuscante, com seus cílios postiços e vestido de paetês pretos, quase um brocal dourado. E sua voz? Brinca com a entonação, com as palavras, com as notas musicais, vai da ópera para falsetes em segundos. Desinibida, ela se joga, na música, na encenação, no meio da galera. Suas canções falam de amor, do cotidiano, das vontades, de pessoas, de relacionamentos. Conversa com o público, explica, se expõe. Não havia uma das 297 pessoas dentro do pequeno Teatro do SESC que não estivesse completamente envolvida com Tulipa. Quem estava presente pode concordar comigo que Tulipa não será uma dessas efêmeras cantoras da nova música brasileira. Um show incrível!
Show Tulipa Ruiz em Curitiba 21/09/2012 - Teatro Sesc da Esquina
Tulipa Ruiz - 21/09/2012 - Teatro Sesc da Esquina - Curitiba - PR

Maria Rita – Espetacular, ela e o show. Não ouvimos nenhuma de suas canções, as quais nossa geração está acostumada, a noite foi da geração de nossos pais. A cantora interpretou canções de sua mãe Elis Regina para a emoção daqueles que conheceram essa grande e polêmica artista, assim como para aguçar a curiosidade e admiração daqueles que só conheceram sua voz. Maria, grávida sambava no palco em um salto altíssimo, soltava a voz em canções que fizeram muita gente parar e refletir durante e sobre a vida. Canções de amor, políticas, ambientalistas, pausadas apenas para que a filha contasse um pouco sobre o pouco que conheceu da mãe e sobre o muito que se dizia da personalidade, do talento e da voz de Elis Regina. Em vários momentos a artista se emocionou no palco, fazendo jus a arte herdada de sua mãe: pular da melancolia para a explosão de felicidade de uma canção para outra. Um show inesquecível!
Maria Rita - 28/09/2012 - Teatro Guaíra - Curitiba - PR
Maria Rita - 28/09/2012 - Teatro Guaíra - Curitiba - PR
Enfim, o mês foi setembro e eu ensaiei essas palavras desde então, mas mesmo ausente do blog eu queria compartilhar essa experiência. Hoje, finalmente eu sentei e resolvi escrever minhas impressões. Como sempre digo, não sou crítica musical, sou apenas uma curitibana que gosta de boa música.
Dois grandes shows, duas grandes mulheres, duas grandes artistas. Que elas continuem honrando a história musical de suas família para que façam ouvidos mais saudáveis com suas músicas de qualidade e vidas mais ritmadas com suas vozes em nossas trilhas sonoras.
Obs.: As fotos dos shows foram tiradas com a câmera do iPhone 3G, por isso a indecência na qualidade!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Por que eu queria matar minha colega de quarto?


Ok, matar é um pouquinho exagerado, não? No máximo queria bater sua cabeça na parede porque ela enlouquecia minha vida. Primeiro foi a desordem na casa, louça suja, geladeira entupida de restos de comida em sacolas, pratos, panelas. Eu fazia questão de deixar tudo limpo depois de usar, mas a gentileza não era recíproca. Quando eu chegava com minhas compras tinha que reorganizar a geladeira, definindo os espaços relativos a cada uma. Senti-me um pouco irritante e achei melhor comer fora de casa todos os dias antes que eu me transformasse em um Sheldon Cooper da vida real. Abdiquei minha parte da geladeira e não entrei na cozinha por pelo menos uma semana para evitar os calafrios. 

O lixo era outro problema. Em Buenos Aires o lixo deve ser retirado entre às 20 e 21 horas de domingo a sexta, ou seja, alguém tinha que incorporar o hulk e carregar escadaria abaixo os vários sacos mal cheirosos. E adivinha quem frequentemente fazia esse serviço? Eu, lógico, só de imaginar insetos na casa tinha arrepios. Um dia fiz um pedido gentil “Tienes que ayudarme com la basura, puedes sacarla mañana?”, no dia seguinte reiterei o pedido “Sacas la basura hoy , por favor, no olvides”, no terceiro dia foi quase um grito “NO CREO QUE OLVIDASTE DE SACAR LA BASURA”. Era 21h10 eu tinha acabado de chegar, desci a escadaria correndo para me certificar que o caminhão de lixo não havia passado e interfonei ao meu apartamento puta da vida ordenando que descesse com o lixo. 

Não aguentei, reclamei com a coordenadora dos alojamentos, não queria ser a chata que fica mandando na galera, mas também não queria ser a pata que fazia tudo sozinha. A partir dai a coisa funcionou. A louça não ficava mais suja por três dias, agora só por três horas e os sacos de lixos começaram a ser tirados conforme a escala. A vida doméstica na casa melhorou, porém a minha vida de boas noites dormidas acabou.
Eu já tinha uma teenager na casa que precisava de orientação quando ao lixo, duas teenager eu não aguentaria. E foi justamente o que aconteceu. Chegou a terceira moradora do apartamento, outra Estadounidense loira, estilo barbie que não falava um A em espanhol. Eu que não sou nem de longe fluente no inglês entendia tudo o que elas falavam, porém sentia uma dificuldade tremenda de articular as frases, mas improvisava quando precisava. O problema foi que as duas adolescentes fizeram amizade com uma terceira barbie e quando eu estava na casa me sentia como em um seriado teen.  

Ahhh não seja chata, porque não se enturmou com elas? E quem disse que não tentei? Eu e os outros americanos da escola, inclusive. Acontece que se a pessoa não era o estereótipo barbie não poderia entrar no clube, e de barbie eu tenho só a vontade de ter um conversível rosa. Até aí tudo bem, eu tinha meus amigos e elas os delas e cada grupo vivia tranquilo fazendo festinhas particulares em um cômodo da casa. O problema real começou quando elas descobriram a nigthlife porteña (que é uma delícia, diga-se de passagem). Chegavam todos os dias depois das 4 da madrugada, acompanhadas de garotos, ligando o som e conversando alto enquanto eu acordava assustada no quarto do lado e perdia o sono.
Eu pensava cinquenta vezes em como arrebentaria a cabeça de uma delas na parede, mas me limitava a parar na porta com a cara mais brava (e sonolenta) do mundo e lembrar as garotas com amnésia alcoólica que existia mais gente na casa e respeito era um negocinho bacana quando se vive em comunidade.
No outro dia, elas se deitavam para dormir as sete e meu despertador tocava às oito. Eu pensava cinco vezes antes de desligar o som do alarme, ou pelo menos até a companheira de quarto se debater na cama por conta do barulho, sinal que acordou. Cogitei preparar um café da manhã bem barulhento, com batidas altas de panela enquanto assistia um canal de culinária em espanhol no volume máximo da TV. Não o fiz. 

Por mais que cenas de vingança passavam por minha cabeça a cada dois segundos eu não colocava em prática. Primeiro por que não sou uma pessoa vingativa, segundo porque imaginei que o retorno da vingança seria pior. Lembrava de todos os filmes da Lindsey Lohan no colegial e no inferno que transformavam a vida da garota legal (sim, a garota legal sou eu), então respirava fundo e repetia “são só mais alguns dias, eu aguento". 

Uma amiga americana me contou que em muitos estados dos EUA a maioridade só vem depois dos 21 e antes de entrar na faculdade é normal que os filhinhos ganhem um intercâmbio de seus pais. Por óbvio, os jovens escolhem países que tudo é liberado depois dos 18 e não existe tanta cobrança. Buenos Aires é um lugar ótimo pra isso, a vida noturna é muito boa, todo mundo arrisca no inglês e o melhor para os americanos é vir aqui e gastar seu rico dinheirinho: um dólar equivale a quase cinco pesos argentinos.
Passou gente, fora a vontade de cometer um atentado terrorista contra as dondoquinhas a minha viagem foi ótima. As pessoas que conheci fora da casa compensaram as pessoas de dentro da casa. E como toda boa filhadaputagem que rola com cada um, depois que passa a gente ri. 

domingo, 26 de agosto de 2012

Coisas que aprendi em Buenos Aires



Tomar Café

Pois é, sempre gostei, mas não ao ponto de sentir necessidade de beber café. Em Buenos Aires tem uma cafeteria convidativa em cada esquina com médias lunas riquíssimas (gostosíssimas). Além dos quilinhos a mais, também ganhei o hábito de tomar café todo o tempo. Cheguei em casa às 23 horas e meu primeiro desejo? Tomar café!

Dividir quarto, jamais

Nunca mais na minha vida vou dividir quarto com estranhos, NUNCA! Atenção, eu disse “estranhos”. Amigas, familiares, namorado estão permitidos, claro! Passei altos perrengues com a minha companheira de quarto durante três semanas e não pretendo ter essa experiência de novo. Esse tema merece um post exclusivo futuramente.



Aparelhos Bivolt

Daqui para a frente só aparelhos bivolt, por favor. Em casa tenho dois secadores de cabelo maravilhosos que permaneceram na gaveta esperando meu regresso enquanto lá eu secava meu cabelo ao vento. Poético, mas não muito saudável quando se está com dor de garganta e o clima não é nem de perto dos mais quentes.



Cultura

Cara, não faz mal nenhum na sua vida ler um pouquinho sobre a cultura do país que se está visitando antes de nele chegar. Passei vergonha alheia no cemitério da Recoleta quando duas brasileiras, conversando em voz alta, mal sabiam quem era a tal da Evita, a qual tiravam tantas fotos em frente ao seu mausoléu. Sério, vergonha alheia, nada que um livro desses de turismo ou uma pesquisa na internet não conte um pouco sobre a história e cultura do país.

Levar camisetas

Cara, não importa que você esteja indo para o polo sul, leve camisetas! É sério, eu não sabia que os sistemas de calefação existiam em todos os lugares de Buenos Aires. Você anda na rua, no frio, entupida de casaco e quando chega em qualquer lugar tem que tirar quase toda a roupa. Se não levar camisetinhas básicas, acredite, vai passar calor ou terá que comprá-las, foi o que eu fiz.

Álbum da cidade

Quando for fazer uma viagem que lhe permita conhecer muitas pessoas de outros países, sugiro preparar um álbum de fotos de sua cidade. Todos meus amigos tinham fotos bacanas em seus facebooks para mostrar, e eu, no improviso, digitei Curitiba no google images e apresentei minha cidade aos amigos. Bacana, me salvei, mas mostrar a sua própria cidade do seu próprio ponto de vista é bem mais interessante.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Uma conexão e algumas conclusões


Como são três horas de espera no aeroporto para a minha conexão terei tempo para escrever um post para o blog, ou alguns posts, depende do meu esforço. Estou voltando da minha viagem de um mês a Buenos Aires para aperfeiçoar o espanhol e digamos que estou cansada... Satisfeita, mas cansada!
Foi uma experiência incrível como eu esperava que fosse.. Absorvi a cultura porteña e de bônus conheci um pouco da cultura de outros países, principalmente da Europa, por conta de todas as amizades que fiz. Considero a primeira e a última semana as melhores. A primeira porque houve aquele choque de realidade, tudo é novo e a vontade de adaptação é enorme e a última semana porque a adaptação já existia e já me sentia como se dominasse a cidade.

Para mim, essa experiência de dominar algo diferente da sua realidade é extremamente significativa na vida de uma pessoa. Forçamos a mente a todo minuto por que estamos por nossa conta em um lugar desconhecido e somos obrigados a sair da nossa rotina automatizada. Também nos ensina a entender e respeitar diferenças entre as pessoas e, principalmente, nos ensina sobre nós mesmos, pois testamos, a todo tempo, nossos limites. Todas as pessoas do mundo tem que fazer uma viagem de pelo menos um mês para outro país. A experiência é muito válida!

A cidade é linda, de fato... E tem de tudo, para todos os gostos, a romântica Recoleta, o moderninho Palermo, o alternativo Abasto, o centro histórico, a beleza de suas praças e parques. E além dos lugares, a cidade também conta uma cultura riquíssima, com seus gaúchos, seu mate, sua parrilla, seu tango, seus personagens famosos e sua história de lutas que fortaleceu o patriotismo dos porteños. 
E ainda sobre a personalidade afiada dos argentinos... é porteños são brutos e topetudos, mas como já expliquei em outro post, esse é o jeito deles. Se você fugir um pouco que seja do roteiro turístico vai perceber o humor irônico dessa gente. Mas nada que não seja aceitável, com o tempo nos acostumamos. Porém, estou torcendo para não ter absorvido o jeitão porteño durante esse um mês, porque já não sou uma flor de pessoa, imagina se agrego essas características?

Posso dizer também que quando saímos da nosso círculo damos um valor tremendo a ele. Cada vez que cozinhava algo pensava no cachorro quente caseiro da minha mãe, quando encontrava um cachorrinho na rua queria voltar correndo para casa e brincar o dia todo com o meu Benjamin, quando eu estava em algum bar muito bom pensava que a Fer iria adorar aquele lugar.

Enfim, chacoalhar toda a sua rotina é uma delícia e voltar para ela também. E a gente começa a dar valor para coisas simples como cheiro de café passado, a água quente do chuveiro, assistir seriado policial jogada no sofá, jantinhas mensais de comida mexicana com as amigas. E é bom saber que agora vou desfrutar de tudo com um gostinho de satisfação a mais.

E por último posso dizer que a parte de viajar sozinha para reflexão e autoconhecimento é uma dos motivos mais importante para se viajar para outro país. Consegui estabelecer alguns projetos futuros e jogar algumas expectativas furadas no lixo. Amanhã, quando eu acordar começarei a trabalhar em cima das novas metas, porque hoje eu só consigo pensar em dormir. Boa noite!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sobre falar mal do anfitrião

Confesso para vocês que escrevi um baita texto falando sobre o nível de ogrice dos portenhos, mas mudei de ideia! Vou contar o porquê.

Primeiro, tive contato com outro brasileiro (acho que de Recife), que veio passar as alguns dias aqui. Pois bem, fomos para um boliche, que é como eles chamam as baladas por aqui, e não conseguíamos obter uma informação coerente sobre valor de entrada e consumação dos caras que ficam na porta controlando a entrada. Segundo o guri de Recife, o qual não recordo o nome, os funcionários do boliche percebiam que ele era brasileiro e o tratavam mal para ele não entrar, ou seja, teoria da conspiração.

E a teoria existe e já é conhecida de todos, sempre ouvimos sobre a tal rivalidade entre Argentina e Brasil, mas eu sempre achei que se limitavam as brincadeiras futebolísticas até que percebi certo ar de superioridade em alguns portenhos durante as interações com brasileiros. Na escola, por exemplo, percebo que as funcionárias tem uma relação boa com o pessoal de outras nacionalidades, o que não acontece muito com os alunos brasileiros. A professora se retorce na cadeira quando alguém fala sobre como algo funciona no Brasil. Talvez isso aconteça justamente porque muita gente chega por aqui cheio de lábia no portunhol e achando que o espanhol é fácil. Quem faz isso é um I-G-N-O-R-A-N-T-E, posso dizer com todas as letras, pois estudei três níveis da língua para ter coragem de chegar aqui e arriscar nas conversas com argentinos.
E devo registrar que contrário ao certo ar de superioridade que mencionei, os portenhos que já estiveram no Brasil e conhecem os brasileiros são fãs  Quando percebem o meu acento brasileiro enquanto falo espanhol fazem mil elogios a terrinha e dizem o quãp somos um povo especial.
Outro ponto de vista é que os portenhos estão ofendidinhos, porque a Argentina já foi uma grande nação e agora o Brasil está na superioridade, economicamente falando. Ou seja, enquanto por aqui o pessoal está vivendo numa crise danada a gente vem pra cá comprar jaqueta de couro. Mas é fato também que grande porcentagem da economia do país é movida pelo Turismo, então não é um bom argumento. Sem contar que os brasileiros tem fama de muita coisa por aqui, mas esses detalhes ficam para outro post, porque a lista de adjetivos é grande.
Último ponto de vista e mais convincente para mim: os portenhos não destratam ninguém, eles são assim mesmo: gaúchos, metidos, machões, falam alto, são objetivos.. É o jeito deles, está na cultura, eles não são assim só com você brasileiro, eles são assim com todo mundo. E se você resolveu passar um tempo aqui, se acostume. Eu estou me acostumando com os atendimentos meia-boca, com as poucas palavras dos taxistas, com as informações pela metade. Mas isso porque sou uma curitibana chata, talvez sirva para me ensinar a ser mais tolerante.

E por que os brasileiros sempre chamam os portenhos de topetudos?
Bem, primeiro porque eles não são tão acalorados e extremistas como os brasileiros e fica aquela sensação de descontentamento da nossa parte. Se eles fossem na nossa casa, daríamos a nossa cama para eles dormirem, mas isso somos nós e não eles. Aprendi que aqui não se pode e não se deve comparar, o que pra mim é quase impossível, posso dizer que é um desafio.
Segundo por que eles tem um orgulho admirável do seu país, eles podem até falar mal da política, do metrô, do governo, da economia, mas aí de você, um cara de fora, falar mal. E melhor, podem falar mal, mas não ficam parados, fazem greves, saem nas ruas protestar. Eu brinco que é a cidade piquete, mas no fundo tenho invejinha, se a quantidade de brazuca se juntasse para fazer alguma exigência provavelmente o governo atenderia muito rápido e ainda com o rabinho entre as pernas, mas somos um povo muito “buena onda” como se diz aqui em Buenos Aires.

Argentina x Chile

E falando de implicância, a rivalidade no futebol fica pequena quando comparada ao tratamento que  os argentinos dão aos chilenos. O espanhol falado no Chile por aqui é extremamente criticado, dizem que falam muito rápido, sem parar, emendando palavras, e que não falam corretamente. Bem, se não falam corretamente eu não sei, mas que falam mais rápido é verdade, por isso estabeleci um parâmetro: quando eu entender um chileno bêbado falando, conseguirei entender o espanhol de qualquer outro país. Ahhh e tem a questão histórica também, Chile e Argentina tiveram grandes richas por conta de conflitos territoriais e por conta do apoio chileno aos ingleses na Guerra das Malvinas.
Enfim, após essa análise e, principalmente, após escutar o menino de Recife falando mal dos portenhos em alto e bom som no meio das ruas de Palermo, percebi o quanto é deselegante falar mal do seu anfitrião. Quase falei pro guri, abaixa a bola amiguinho que você está na casa dos caras, se você está tão insatisfeito vai embora, pronto! Sério, senti vergonha alheia do brasileirinho mal amado e percebi que os portenhos, apesar do jeitão, tem um lado bem bacana, basta saber entendê-los.
Por hoje é só pessoal! Beijos a todos!!!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Comeram meu Doritos!

Eu sei que era só um Doritos, não vou morrer por causa disso, mas era “meu” Doritos! Comprei especialmente para tomar com a “minha” Quilmes e adivinha só? Sumiu! No momento do desaparecimento não fiquei chocada, por que pensei que a pessoa que havia comido reporia o produto no dia seguinte. Eu mesma tomei uma Heineken de um dos habitantes do alojamento, mas na manhã seguinte comprei outra, coloquei no mesmo lugar e fiz questão de avisar o dono. Mas do meu Doritos nunca mais tive notícias!

Mesmo na minha casa em Curitiba, quando como ou tomo algo que é do meu irmão sempre reponho o produto, e vice-versa. Questão de educação, sabe? Não coloque as mãos no que não lhe pertence, foi o que minha mãe e pai me ensinaram desde pequena. Hoje mais uma surpresa mega desagradável, meu creme dental sumiu do nécessaire que estava no banheiro. Agora terei que sair de casa embaixo de chuva para comprar apenas um creme dental, porque virginiana neurótica que sou tenho pavor de comer e não correr para fazer a devida higiene bucal.  
A japonesa que mora comigo, com aqueles olhinhos pequenos e puxados, porém atenta e esperta como todo oriental, me contou que a moça que trabalha na casa tem mania de surrupiar as coisas dos moradores (além de fazer uma limpezinha bem meia-boca). Estou com coceirinha para fazer uma reclamação formal na Escola, mas julgar sem provas, com base em comentários de terceiros não tem credibilidade nenhuma, eu sei! Além disso, tenho mais habitantes na casa.. É fato que as meninas americanas e japonesas que moram comigo não tem cara de quem precise roubar pasta de dente... mas como diz o ditado engraçadinho “quem vê cara, não vê coração”.. E de gente louca o mundo esta cheio, né não?
Aiii se colocam a mão em minhas comidinhas argentinas!
Só que deixar todas as coisas trancadas na mala, inclusive comida, não tem cabimento. Viver em comunidade é uma coisa muito difícil, viu? Foi um pacote de salgadinho e uma pasta de dente, mas poderia ter sido minha câmera fotográfica, meu iPhone, meu computador. Não é o valor do objeto que classifica o roubo, é o fato de tomar para si algo que pertence a outra pessoa. E sinceramente, desonestidade me deixa bem puta da cara.. Agora eu fico pensando aqui com meus botões “sabe lá o que mais pegaram que eu ainda não percebi”...
Ou, sou que não tenho mais idade para dividir casa com estranhos, vai saber!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Buenos Aires x Curitiba

Então, não dá para atualizar o blog todos os dias né? Tenho que otimizar meu tempo ao máximo nesse um mês, mas nos momentos de descanso eu gosto de escrever aqui minhas aventuras em terras portenhas. Pois bem, essa primeira semana foi de reconhecimento. Ainda estou me familiarizando com a cidade, com os sistemas de transporte público e com a rotina dos argentinos.

Ônibus, achei engraçadinho. Aqui a gente tem que dizer ao motorista para onde vai e ele nos diz o preço que se deve pagar, e não existe cobrador, o motorista digita no sistema o valor escolhido e a máquina ao lado recebe suas moedinhas e dá o troco certinho. Porém não são novos, nem muito limpos, mas por meros 55 centavos de real nem vou exigir maravilhas. E convenhamos, os argentinos podem ser bem topetudos pra muitas coisas, menos para o sistema de transporte coletivo, o nosso modelo curitibano ganha disparado. Metrô ainda não utilizei, me limitei a conhecer os pontos turísticos na Recoleta e próximos dela, para depois cair na cidade de metrô.
Os taxis, bem, é como nas outras cidades, há mais taxi do que gente e basta levantar a mãozinha que já parara um preto e amarelo ao seu lado. Estou começando a achar que Curitiba é exceção também nos sistemas de taxi, mas nesse caso negativamente. Se uma mulher grávida esperar um taxi em dia de chuva ou horário de pico é capaz de parir ali mesmo no meio fio. Aquele nosso problema básico de falta de autorização para veiculação de novos taxis que faz do serviço artigo de luxo, mas por outro lado, impede a superlotação de veículos... Bem, uma longa discussão!

As quadras são largas, então quando um argentino falar que você vai andar dez quadras, acredite serão dez grandes quadras. Os prédios são altos, com fachadas antigas e pés direitos altíssimos e possuem sistema de calefação em todo lugar. Aqui, se investe nisso ou se tem uma hipotermia pela noite. Mentira! Estou exagerando, não posso dizer que estou passando frio aqui em Buenos Aires, hoje, por exemplo, estavam felizes dez graus e tinha sol. Bem, se for considerar o nosso tempinho filho da mãe em Curitiba, não vou passar tantos perrengues aqui por conta de frio. 
Minhas reclamações até agora são quanto ao lixo. Bem que me disseram que não encontraria uma cidade muito cuidada, e de fato, no primeiro dia fiquei assustada com a quantidade de lixo na minha rua que fica em um bairro nobre da cidade. Mas isso não tem só haver com limpeza pública, como também com conscientização da população. E por falar em conscientização, até agora não vi lixeiras de separação de lixo, no meu apartamento, por exemplo, o lixo é misturado. Posso estar generalizando, mas quando falei em sala de aula, sobre destinação correta de lixo e sistemas de reciclagem a turma toda ficou curiosa.

Outra coisa que está um pouquinho difícil de me acostumar é a rotina dos notívagos portenhos. O dia deles começa duas horas depois da nosso, almoços são ao meio dia, porém o meio dia deles é as duas da tarde, jantar as onze da noite e com comida pesada, carne, vinho, sobremesas com sorvete e doce de leite, acordam tarde e pela quantidade de comida que ingeriram a noite, o café da manhã fica limitad a uma xícara de café. Eu cresci com a teoria que devemos tomar café da manhã como um rei e jantar como um mendigo, então ainda estou penando para acostumar com essa diferença. Ahh, as baladas por exemplo começam às três da madrugada, em Curitiba esse horário eu já estou pensando seriamente em ir para casa dormir.
Ficam aqui algumas diferenças e algumas curiosidades básicas. Nada que qualquer pessoa não possa descobrir se ler qualquer artigo sobre o país. Mas aqui você pode ler sob o meu ponto de vista, ou seja, o de uma curitibana chata!

Beijos   

terça-feira, 24 de julho de 2012

Primeiro dia em Buenos Aires

Fui dormir à uma da madrugada e acordei às sete da manhã. Precisava chegar na Escola às oito para fazer meu teste de nivelamento e saber qual classe começaria as aulas. A escola fica a quinze minutos andando do alojamento, assim não teve erro, cheguei certinho no meu destino. Mas antes parei no Burguer King para tomar café da manhã, sim no BK daqui existe café da manhã. Queimei a língua no café e comi duas medias lunas.

Mas a frustação me perseguiu logo na primeira hora dentro da escola. Meu cartão internacional simplesmente não passou e eu fiquei com aquele sorriso amarelo na frente das secretárias.  Corri ao caixa eletrônico mais próximo e saquei o máximo de pesos que consegui para deixar como entrada na promessa de resolver o problema em seguida. Fiz o teste de nível e felizmente fiquei no intermediário, ou seja, minhas aulas de espanhol em Curitiba não foram em vão. De volta em casa entrei na internet e facilmente fiz meu pagamento on line, quitando minhas aulas na escola e ficando livre do sorriso amarelo.

Já que somente teria aula a tarde, aproveitei a manhã para comprar um cartão de ligações internacionais e ligar para minha mamãe avisando-a que cheguei muito bem, mas que continuava com uma dor de garganta insuportável, ela falou que rezaria por mim e eu desejei que suas orações fizessem efeito o quanto antes.

A tarde fui à aula. Penei um pouquinho no primeiro momento por causa da metodologia diferente que estava acostumada na escola em Curitiba, mas esforçada que sou logo peguei o jeito. As aulas são divididas em duas horas de gramáticas e duas horas de conversação. Eu achei ótimo, assim já aprendemos na prática o que vimos na teoria.

À noite, topei ir jantar com minhas colegas brasileiras em um restaurante em Puerto Madeiro. E a vontade de ter internet no celular começou a me dominar. A mania de fazer checkin no FourSquare cada vez que chego em um lugar tomou conta e me fez pensar seriamente em comprar um chip de uma operadora argentina. 

E sobre o restaurante, desejei muito que houvesse restaurantes do tipo em Curitiba. Paguei cerca de R$55,00 e comi tudo que você pode imaginar, desde comida italiana até carnes típicas argentinas e lembrei que esse valor equivale à um jantar no Madero, por exemplo. Não estou menosprezando, adoro Madero, sou fã, mas o mesmo preço que paguei no restaurante equivale à um queijo coalho, um sanduiche com hamburguer assado na grelha com batatinhas, chopp e um petit gateau do Madero (a melhor sobremesa curitibana, vale lembrar, e todo o resto muito bem feito). OK, não se compara! Esquece!!!! 

Mas em questão de quantidade, nunca comi tanto e tão bem por tão pouco. Destaque para a sobremesa, crepe de doce de leite, que me fez acreditar no comentário de que os argentinos são reis do doce de leite. Quando vou na Mercearia Bresser, sempre peço uma sobremesa com doce de leite argentino. Mas comer doce de leite argentino na Argentina é muito mais gostoso.  Ahhh, o nome do restaurante, La Bisteka, fica a dica!

Na volta para casa, pegamos taxi com um senhor apaixonado pelo Brasil, foram vinte minutos de histórias sobre sua viajem de aniversário de 50 anos ao Rio de Janeiro e elogios a nossa terrinha. Perguntamos o que ele mais gostou no Brasil e ele respondeu: os brasileiros. Desci do taxi pensando que nem nós mesmos, brasileiros, damos tanto valor ao nosso próprio país e fui dormir orgulhosa.  

Primeira impressão

Dizem que a primeira impressão é a que fica, espero que não.

Perrengues nos vôos, claro. Como a moça ao meu lado enjoando nas chacoalhadas do avião para SP, não sabia se tinha mais dó dela ou medo do vômito sobrar para mim, chá de cadeira na conexão com crianças argentinas gritando pela sala de espera, trinta minutos trancada dentro do avião depois do pouso no Ezeiza porque os adoráveis ônibus que nos levam até o saguão de desembarque não estavam disponíveis, frio na barriga quando pronuncio minhas primeiras palavras em espanhol “naranja, sin hielo por favor”, sabendo que a partir daquele momento eu só deveria falar esse idioma, fila imensa na alfândega, decepção com a minha mala que apareceu com as rodinhas quebradas e pensamentos negativos como "que cagada eu fiz de viajar em um domingo a noite".

Mas tudo bem, por que eu estava indo para minha viagem em Buenos Aires, então nada tiraria minha animação, certo? Errado! Ainda na fila interminável da alfândega começo a sonhar com a cena de encontrar a pessoa que estaria na saída do aeroporto me esperando com a plaquinha “Adriana Melo”. Mas claro que das dez pessoas que seguravam plaquinhas nenhuma tinha o meu nome. Quando começa o desespero telefono para a escola e descubro que, de fato, não haveria uma pessoa me esperando, todo o serviço de transfer estava pago e bastava eu procurar a empresa de remises e me identificar que eles me levariam até minha futura casa. Até agora estou sem entender por que essa informação não ficou clara para mim, ou melhor, por que cargas d’agua eu não fiz questão de entender exatamente como funcionava o serviço de transfer. Só perdôo a falta de “clareza”nas informações da escola porque o motorista era muito bonito (de barba, terno e bom gosto musical) e o carro era chiquérrimo.

Depois disso, o pior aconteceu. Descoberta a empresa de remisses percebi que precisava de água e fui atrás de uma bendita garrafa com meus pesos recém sacados do caixa eletrônico. O problema foi que o caixa só me deu notas de cem pesos e nenhuma (eu disse nenhuma) lanchonete do aeroporto aceitou minha nota.  Em certo ponto até é justo, já que eles não tinham troco para o valor alto, porém estou tão acostumada com o vendedor brasileiro não aceitando desculpas para recusar uma venda, a ponto de andar quadras atrás de troco, que aquela cena me pareceu o inferno. Entrei no carro sem água, cansada e com uma vontade imensa de deitar na cama e chorar.

Mas, como tudo na vida, basta um segundo para as coisas mudarem. Cheguei à minha casa e a secretária da escola junto com a minha colega de quarto foram me receber no portão. Colega de quarto super forte, diga-se de passagem, me ajudou a subir a escadaria da casa com a mala pesada quando eu estava nos últimos resquícios de força. Receberam-me com abraços, conversas, doces argentinos deliciosos e até um copo de Quilmes, cerveja argentina que eu jurei de pé junto que só beberia quando chegasse em Buenos Aires.  Desejo realizado!

Ou seja, para quem estava com vontade de deitar na cama e chorar por causa da primeira impressão horrorosa que tive da grosseria dos argentinos, acabei indo dormir feliz pela boas vindas das meninas no meu endereço nos próximos trinta dias. E depois, analisando melhor, que bom que não comprei a água no aeroporto, uma garrafinha de 500 ml me custaria 17 pesos e depois, no mercadinho do lado de casa, comprei uma garrafa de 2,5 litros por meros 5 pesos.  

Amanhã falo da casa, das colegas, da escola e de todo más.. grande beso chicos!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Moça Urbana vai viajar

Foto do Blog "Cuentos de Miguel de Loyola"
E como uma boa moça urbana que sou, escolhi a capital da Argentina, Buenos Aires, para passar os próximos trinta dias. Nada contra turismo rural, cidadezinhas calmas do interior ou ecoturismo, até gosto de relaxar em uma bela praia ou na chácara do meu tio, faz bem quando a gente quer acalmar a mente e o coração. Mas eu prefiro mesmo é o movimento das cidades grandes, essa multidão de pessoas de todos os tipos, essa quantidade de informação a cada segundo.

Por isso escolhi Buenos Aires, um dos dez centros urbanos mais populosos do mundo com cerca de três milhões de habitantes. Daria quase duas Curitiba, sem contar na região metropolitana porteña que somando chega na casa dos dez milhões de habitantes. Não sei exatamente se o cálculo é esse, descoordenada com a matemática que sou. Também escolhi a cidade por causa do intenso inverno no mês de julho, pois sou da opinião que se for para passar férias no frio, que seja em outra cidade. Tudo bem que as minhas férias são por tempo indeterminado, mas a ideia permanece.

Por último, e muito importante, escolhi a cidade pela língua, claro. Tenho paixão pelo espanhol e desde agosto do ano passado estou estudando o idioma. Entrei de cabeça nos estudos para afugentar pensamentos depressivos e funcionou bem, desde então planejei a viagem e me dediquei a aprender o máximo dessa língua tão parecida e ao mesmo tempo tão diferente da nossa. Como diz o ditado, há males que vem para o bem. Assim, comprei um mês de aulas intensivas de espanhol na cidade para poder me aperfeiçoar e quem sabe quando voltar ao Brasil, conseguir um emprego que exija o conhecimento na língua. Deus me ouça!

Agora você pode me questionar que se meu desejo era fazer um curso de espanhol eu poderia bem ter escolhido uma cidade da Espanha não tão turística quanto Buenos Aires. E eu acho justa sua pergunta. Porém, entre passar um mês na Argentina e duas semanas em Barcelona, por exemplo, prefiro ficar um mês viajando. Inclusive, ouvi uma crítica ferrenha de um ex-diretor que disse que eu não aprenderia nada de espanhol na Argentina, que o espanhol deles  é horrível, que falam muito inglês, que tem muito brasileiro, entre outras críticas que de início discordo, mas não vou argumentar, pois prefiro conferir com meus próprios olhos e depois dar uma opinião com conhecimento de causa. E outra, cada um sabe onde dói no bolso né? Quem passou a vida viajando acha que é muito bonito criticar quem está fazendo suas próprias oportunidades.

A ideia inicial era morar em Buenos Aires, me mudar para cá e passar pelo menos seis meses. Mas a coragem me limitou a um mês apenas de aventura. Quem se sustenta não pode se dar o luxo de largar tudo e viver de alfajor e vinho. Vontade não faltou, claro, mas ainda estou descobrindo meu lado desprendido da família e da terra natal. E fora fugir dos problemas rotineiros, tive outro motivo que me fez pensar em, de fato, largar tudo e correr pra Recoleta, mas nesse caso o motivo dependia de outras fontes e o motivo só era suficientemente grande para mim mesma, decidi aperfeiçoar o espanhol e voltar para continuar a carreira na área da comunicação que tanto amo.

Por fim, muito bom saber que tenho pessoas que torcem por mim, saber que tenho a coragem de dar uma radicalizada na vida quando assim ela me exigir e saber que farei tudo com meu próprio esforço, o que pra mim é um orgulho tremendo. Agora é aprender a me virar em Buenos Aires.. Vou postar no blog assim que conseguir, certamente terei cenas bem engraçadas para compartilhar. Beijos aos que ficaram e que sentirei saudades!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sobre tempo e comprometimento

Nos últimos cinco anos, exceto férias, finais de semanas e feriados, acordei todos os dias às sete horas da manhã, tomei banho, me arrumei e sai correndo para pegar o ônibus e ir ao mesmo lugar: o meu trabalho.

Nossa, foram cinco anos. Nesse tempo eu realizei tanta coisa: me formei, fiz uma pós. Quando eu penso que foram cinco anos me dá um frio na barriga! Para você cinco anos parece muito ou pouco tempo? 


Para meu pai, um senhor que trabalhou a vida inteira no mesmo lugar, cinco anos é pouco tempo e eu fiz a maior besteira em deixar meu emprego. Para ele as pessoas devem se aposentar na mesma empresa que começou, e antigamente era assim que funcionava. Mas o tempo é relativo. Hoje em dia, segundo pesquisas sobre a Geração Y que lemos por aí, cinco anos parece muito tempo para se ficar em uma mesma empresa.

Sobre a dita cuja Geração Y: são os nascidos na década de oitenta, possuem facilidade com as tecnologias, pois já que nasceram na época digital, e justamente por isso são multitarefas, precisam de novidades o tempo todo e gostam de desafios. Porém, e exatamente por esses motivos, são taxados de teimosos, distraídos, superficiais, insubordinados, entre outros não tão bons adjetivos. Mas o que mais dói quando falam da Geração Y é como aquela meninada não tem comprometimento com o trabalho. O motivo? Não hesitam em correr atrás de uma oportunidade que lhe ofereça melhor equilíbrio entre retorno financeiro e vida pessoal.
Para começar, “falta de compretimento” é apenas um ponto de vista. Primeiro, já trabalhei até às três horas da manhã sem hesitar, sempre me dediquei ao meu trabalho durante o tempo que estive na empresa e quando me despeço de uma organização, por mais pressa que tenha, preciso ter certeza que meu trabalho estará em boas mãos. Nunca, em nenhum momento, desrespeiei a empresa, mas também não desrespeitei meus princípios. Ou seja, existe um outro sentido para comprometimento que diz respeito ao comprometimento com nós mesmos.

Tenho colegas de classe que trocaram de carreira, largaram a comunicação e foram ser felizes fazendo cupcakes, tocando percussão, escrevendo poesias. Sinceramente, para nós, se sentir satisfeito com o trabalho, trabalhar com o que se gosta, faz parte do comprometimento profissional. A partir do momento que você se compromete a trabalhar com determinado serviço ou empresa, nada mais justo que você faça bem feito, seja em um cargo administrativo no banco, trabalhando em tabelionato, analista de comunicação da Petrobrás ou assessor de imprensa terceirizado.

Só que comprometimento com o trabalho não tem nada haver com viver infeliz. Pelo contrário, em qualquer leitura da área de gestão saberemos que colaborador satisfeito é colaborador produtivo. Ou seja, já estava na hora de uma geração assumir a satisfação pessoal também como uma das características para um emprego.

Cinco anos: enfim, talvez os meus "cincos anos" não tenham sido "muitos" (espero que não). Comecei como estagiária quando cheguei toda dona de mim querendo aplicar a teoria aprendida na faculdade e depois de algumas rasteiras peguei exatamente o funcionamento da empresa. Aprendi muito. Fui contratada, elaborei procedimentos, apliquei novas ferramentas, sempre para melhorar a comunicação da organização. Confiaram a mim muitos e bons projetos com os quais tive a oportunidade de ganhar experiência profissional.

Uma colega, em uma conversa, comentou “qual o assessor que não gostaria de estar a cinco anos na mesma empresa e dominar todos os processos”. Mas a síndrome Geração Y me dominou e por mais que eu adorasse o lugar que eu trabalhava eu sentia que precisava de novidades, eu queria mais. Porém, como nunca fui a menina rica dependente dos pais, esse processo de desligamento demorou um tempo. Pensei, repensei, ponderei, planejei minha saída em seis meses. Encerrei meus cinco anos em uma determinada empresa para buscar novos horizontes na área de comunicação.

Como eu coloquei nas redes sociais no meu último dia de trabalho, despedidas são estranhas, um misto de alegria pela realização profissional e uma tristeza por deixar para trás um lugar que fez, por muito tempo, parte de minha vida. Enfim, só tenho a agradecer a oportunidade de aprender, desejar sucesso para a organização e correr atrás do meu futuro.

Em tempo: Três pessoas que pelo tempo que passei na empresa se destacaram pra mim
coragem, humildade, inteligência, profissionalismo, imparcialidade e carinho

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Quartas de novena

Hoje na saída da novena percebi como as pessoas são egoístas. Não que eu não tivesse certeza disso antes, mas fiquei impressionada como as pessoas conseguem ser egoístas mesmo dentro de um ambiente de oração para aquele cara que só pediu para “fazer o bem, sem olhar a quem”.

Novena? sim, para quem não me conhece eu vou na novena as quartas-feiras. Pode não parecer, eu sei, não sou um doce de pessoa, não faço o bem ao próximo (mas também não faço o mal), não me doo às causas e ideais (mas também não as desmereço), não faço caridade (desconfio da filantropia), já atropelei algumas pessoas de caminhão várias vezes (em pensamento, obviamente), xingo muito com meus botões  e falo palavrão adoidado.
Mas tudo bem, não me esforço muito para ser o cordeiro, desde criança tenho muito mais aptidão para ovelha negra, mas não falarei sobre isso agora. O que quero dizer é que até os porra-loucas tem Deus no coração ou, no mínimo, algo para acreditar. 
Ahh e também sou egoísta, pois vou à novena rezar por minhas intenções particulares, como todas as outras pessoas do mundo, e era exatamente  sobre isso que eu queria falar. As pessoas terminam uma oração e saem da igreja se empurrando e se encarando de cara feia. Não existe o “aguarde o desembarque” nem na saída da missa.
Tem um momento específico, o tantum ergo – aqueles versos de São Tomás de Aquino cantados durante adorações e bençãos do santíssimo sacramento – quando as pessoas se ajoelham e rezam no final da novena. Nesta quarta, um daqueles casais fofos que vão juntos de mãos dadas para a igreja durante a vida toda quase derrubou uma moça ajoelhada no meio de sua oração na tentativa de chegar mais perto da saída da igreja antes dos demais.
Com tudo isso, percebi que quando o padre abençoa no final da missa “ide em paz e que o senhor vos acompanhe” as pessoas respondem “graças a Deus” no sentido de alívio e não no sentido de gratidão. Fico um pouco decepcionada com isso.
Você reza “perdoai nossas ofensas, assim como nos perdoamos a quem nos tem ofendido” e virando as costas para a imagem da santa, reclama do velhinho na frente que anda sentido a saída vagarosamente por causa da idade.

Óbvio que não espero que as pessoas sejam hipócritas e finjam uma bondade inexistente, mas dá para ser pelo menos educado com os demais até chegar em sua própria casa? Entre suas quatro paredes cada um pode fazer o que quiser, desde que não perturbe os vizinhos, claro. Mas enquanto estiver em sociedade, o respeito ao próximo é o mínimo que alguém pode fazer para honrar o que o cara disse sobre “fazer o bem, sem olhar a quem”.

 
Ilustração de Bina Rikari

quinta-feira, 31 de maio de 2012

31 de maio

Estou feliz que hoje é dia 31 de maio. Não porque mais um mês terminou, pois pela primeira vez na vida não estou com pressa. Ao contrário, me peguei satisfeita com a atual passagem do tempo. Estou feliz porque no mês de maio eu consegui realizar mudanças na minha vida, consegui realizar os passos que desde dezembro do ano anterior eu planejei.

E também, pela primeira vez, eu consegui respirar aliviada sem me julgar insatisfeita com o andamento da minha vida. Tem uma frase que sempre leio no status de uma colega que diz “não devemos nos comparar com os outros e sim com o melhor que podemos ser”. A frase é atribuída a shakespeare, mas eu sempre terei minhas dúvidas com questões de autoria.

Enfim, a frase me fez perceber que eu até posso esbravejar contra ao mundo pela falta de algumas oportunidades, posso até culpar meus pais por não terem a ambição de conquistar um pouco mais na vida e facilitar a vida dos filhos ou almadiçoar o playboyzinho de família podre de rica que vai fazer todos os cursos de especialização no exterior. Porém, meus pais fizeram o seu melhor e não os trocaria pela família rica. E se o melhor dos meus país me levou a ser uma pessoa de bem aposto que eles já estão satisfeitos. Agora depende de mim.

Confesso que não estou exatamente onde gostaria de estar, mas sei que estou no caminho. Acredito que existem dois tipos de pessoas no mundo, as inteligentes e as esforçadas. Eu entro na lista das esforçada e, lá no fundo, eu creio imensamente que um dia terei surpresas das quais serei merecedora.

Mas hoje, dia 31 de maio, estou feliz por conseguir perceber que meu tempo de vida útil em determinado lugar se esgotou e por ter coragem, pois para alguns é loucura, de sair dele sem nenhuma outra oportunidade profissional em vista. Mas eu sempre acreditei que trabalho existe para quem quer trabalhar, pode demorar um pouquinho ou não ser exatamente o emprego dos sonhos, mas de fome ninguém morre. No mínimo, se nada der certo, eu viro figurante na Globo.

É bom saber que tenho coragem para mudar o que me incomoda e que eu mesma sou capaz de, quando necessário, dar aquela boa chacoalhada na vida. Em breve, passarei todas as minhas funções para minha substituta, tirarei férias de um mês, farei um curso fora e volto para continuar a busca por reconhecimento profissional e, claro, retorno financeiro. ;-)

 







"Pelos caminhos que ando,
um dia vai ser, só não sei quando"
Paulo Leminski