terça-feira, 24 de julho de 2012

Primeira impressão

Dizem que a primeira impressão é a que fica, espero que não.

Perrengues nos vôos, claro. Como a moça ao meu lado enjoando nas chacoalhadas do avião para SP, não sabia se tinha mais dó dela ou medo do vômito sobrar para mim, chá de cadeira na conexão com crianças argentinas gritando pela sala de espera, trinta minutos trancada dentro do avião depois do pouso no Ezeiza porque os adoráveis ônibus que nos levam até o saguão de desembarque não estavam disponíveis, frio na barriga quando pronuncio minhas primeiras palavras em espanhol “naranja, sin hielo por favor”, sabendo que a partir daquele momento eu só deveria falar esse idioma, fila imensa na alfândega, decepção com a minha mala que apareceu com as rodinhas quebradas e pensamentos negativos como "que cagada eu fiz de viajar em um domingo a noite".

Mas tudo bem, por que eu estava indo para minha viagem em Buenos Aires, então nada tiraria minha animação, certo? Errado! Ainda na fila interminável da alfândega começo a sonhar com a cena de encontrar a pessoa que estaria na saída do aeroporto me esperando com a plaquinha “Adriana Melo”. Mas claro que das dez pessoas que seguravam plaquinhas nenhuma tinha o meu nome. Quando começa o desespero telefono para a escola e descubro que, de fato, não haveria uma pessoa me esperando, todo o serviço de transfer estava pago e bastava eu procurar a empresa de remises e me identificar que eles me levariam até minha futura casa. Até agora estou sem entender por que essa informação não ficou clara para mim, ou melhor, por que cargas d’agua eu não fiz questão de entender exatamente como funcionava o serviço de transfer. Só perdôo a falta de “clareza”nas informações da escola porque o motorista era muito bonito (de barba, terno e bom gosto musical) e o carro era chiquérrimo.

Depois disso, o pior aconteceu. Descoberta a empresa de remisses percebi que precisava de água e fui atrás de uma bendita garrafa com meus pesos recém sacados do caixa eletrônico. O problema foi que o caixa só me deu notas de cem pesos e nenhuma (eu disse nenhuma) lanchonete do aeroporto aceitou minha nota.  Em certo ponto até é justo, já que eles não tinham troco para o valor alto, porém estou tão acostumada com o vendedor brasileiro não aceitando desculpas para recusar uma venda, a ponto de andar quadras atrás de troco, que aquela cena me pareceu o inferno. Entrei no carro sem água, cansada e com uma vontade imensa de deitar na cama e chorar.

Mas, como tudo na vida, basta um segundo para as coisas mudarem. Cheguei à minha casa e a secretária da escola junto com a minha colega de quarto foram me receber no portão. Colega de quarto super forte, diga-se de passagem, me ajudou a subir a escadaria da casa com a mala pesada quando eu estava nos últimos resquícios de força. Receberam-me com abraços, conversas, doces argentinos deliciosos e até um copo de Quilmes, cerveja argentina que eu jurei de pé junto que só beberia quando chegasse em Buenos Aires.  Desejo realizado!

Ou seja, para quem estava com vontade de deitar na cama e chorar por causa da primeira impressão horrorosa que tive da grosseria dos argentinos, acabei indo dormir feliz pela boas vindas das meninas no meu endereço nos próximos trinta dias. E depois, analisando melhor, que bom que não comprei a água no aeroporto, uma garrafinha de 500 ml me custaria 17 pesos e depois, no mercadinho do lado de casa, comprei uma garrafa de 2,5 litros por meros 5 pesos.  

Amanhã falo da casa, das colegas, da escola e de todo más.. grande beso chicos!

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