sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pano pra manga


Utilizo o transporte público de Curitiba desde que me conheço por gente e posso dizer que, apesar dos defeitos, ainda é um dos melhores transportes do país, digno de ser chamado de modelo. Não que eu conheça todos os sistemas de transporte público brasileiros, mas dos que eu conheço, Curitiba ainda é a campeã. E isso também não é papinho de curitibana xenófoba não. Sei bem dos pontos positivos e negativos da cidade.

A política por essas bandas, por exemplo, é vergonhosa. As chamadas autoridades, eleitas para nos representarem junto ao Governo Federal, não tem força política, o que dificulta o repasse de verbas para o Estado. Somos amistosos demais para exigir mais, somos preguiçosos demais para criar conflitos e somos orgulhosos demais para dizer que recebemos esmolas, como mendigos.

Internamente então a coisa piora. Há tempos que não se coloca a área técnica na frente da política. Profissionais de carreira competentes aqui serão sempre assessores dos amigos dos governadores e prefeitos, que, às vezes, não sejamos generalistas, são uma indicação acertada, mas muitas vezes não são. Isso se o assessor não der o azar da oposição assumir o governo e ele ser jogado no almoxarifado. Sei de casos de órgãos públicos que não tem mais profissionais técnicos no quadro, por que eles um dia (acreditem) se aposentam, e o concurso público fica lá saindo uma vez por ano, quando sai, ofertando apenas uma vaga para cadastro de reserva.

Não existe o respaldo técnico, projetos e planejamentos ficam em segundo plano. O que é indecente. Em praticamente todas as graduações, ou qualquer curso ou palestra sobre administração, ouvimos o quanto é importante um planejamento, até mesmo para nossas vidas pessoais. Afinal, quem sai por aí gastando o dinheiro no que bem entender? Estou falando de pessoas normais e trabalhadoras, como nós, que fique claro. Para fazermos uma viagem, planejamos, para chegarmos a determinado cargo, planejamos. E ainda assim, com essa questão básica esfregada no nariz do cotidiano político, só existem planos de governos, que por óbvio, mudam a cada governo.

Óbvio também que isso não se limita apenas ao Paraná e mais óbvio que isso também se estende a empresas e entidades de classe. E claro que essa é uma visão, talvez superficial ou extremista, depende do ponto de vista, mas é uma visão, e que considero válida, inclusive. Repito, não sou socióloga ou cientista política, sou uma comunicadora que às vezes, quando pensa na realidade da política brasileira, se entristece.

Já fui muito mais interessada em política do que sou hoje. Um dia, há muito tempo atrás, queria trabalhar com isso. Esse era um dos meus objetivos quando comecei a faculdade de Relações Públicas. Imaginava-me assessorando partidos e candidatos. Até tentei uma vez trabalhar em um partido que eu admirava, mas, para a minha sorte, não deu certo. Eu lia muitos livros sobre a história da política brasileira, amava o tema ditadura militar e populismo. Hoje entendo que o que me encantava tanto era a literatura, a memória, a história, e não a política em si.

O sonho acabou quando a professora de Comunicação Política levou assessores de políticos para nos contar como é a vida de uma profissional da área. Quando ouvi de um dos assessores falando a seguinte frase sobre os mandatos dos deputados “o cara entra lá e tem que escolher entre ser corrompido ou não ter nenhum de seus projetos aprovados”, desisti. Preferi ir dobrar guardanapos em eventos, como todos brincam sobre a profissão de um RP.

Minto, ainda mantive um resquício de admiração pela política, mas convertida para o “bem”, como ela deveria ser sempre, sinceramente e utopicamente falando. Escolhi o tema comunicação política para a monografia, mas nada envolvendo partidos ou pessoas. Estudei as propagandas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que ensinava os cidadãos a votarem e sua influência sobre os eleitores. Me joguei no trabalho de conclusão de curso, dedicação total e consegui um merecido dez na nota. Um dia com calma, escrevo sobre o famigerado TCC aqui no blog.

O tema me encantou, confesso. Toda vez que chega período eleitoral paro na frente da TV para assistir as campanhas do TSE. E mais uma vez descubro que o que me encantava não era a política, era o social, a educação, a conscientização. Ainda assim, fui dobrar guardanapos (para quem não conhece essa brincadeira um dia eu conto essa história direito – tema para outro post).

Do que eu estava falando mesmo? Ahhh do transporte público eficiente de Curitiba. Pois é minha gente, nesse post eu iria escrever sobre as cenas engraçadas, impossíveis, medonhas, cabulosas e trágicas que acontecem dentro de um biarticulado. Mas o tema desandou para um outro lado. Isso acontece às vezes com pessoas que escrevem sem temas definidos, que escrevem apenas pelo prazer de escrever. A gente abre a mente e deixa sair, simplesmente.

O biarticulado fica para outra hora, afinal ele passa todos os dias, atrasado ou não (menos em dia de greve). Já política, como normalmente (e infelizmente) só tratamos com profundidade em épocas de processos eleitorais, nada mais justo que quando o tema venha na cabeça não repreendê-lo, certo?

Mas vou parar por aqui por que sei que política é muito pano pra manga..

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