Mas a frustação me perseguiu logo na primeira hora dentro da
escola. Meu cartão internacional simplesmente não passou e eu fiquei com aquele
sorriso amarelo na frente das secretárias. Corri ao caixa eletrônico mais próximo e
saquei o máximo de pesos que consegui para deixar como entrada na promessa de
resolver o problema em seguida. Fiz o teste de nível e felizmente fiquei no intermediário,
ou seja, minhas aulas de espanhol em Curitiba não foram em vão. De volta em
casa entrei na internet e facilmente fiz meu pagamento on line, quitando minhas
aulas na escola e ficando livre do sorriso amarelo.
Já que somente teria aula a tarde, aproveitei a manhã para
comprar um cartão de ligações internacionais e ligar para minha mamãe avisando-a que cheguei muito bem, mas que continuava com uma dor de garganta
insuportável, ela falou que rezaria por mim e eu desejei que suas orações fizessem
efeito o quanto antes.
A tarde fui à aula. Penei um pouquinho no primeiro momento
por causa da metodologia diferente que estava acostumada na escola em Curitiba,
mas esforçada que sou logo peguei o jeito. As aulas são divididas em duas horas
de gramáticas e duas horas de conversação. Eu achei ótimo, assim já aprendemos
na prática o que vimos na teoria.
À noite, topei ir jantar com minhas colegas brasileiras em
um restaurante em Puerto Madeiro. E a vontade de ter internet no celular começou a me dominar. A mania de fazer checkin no FourSquare cada vez que chego em um lugar tomou conta e me fez pensar seriamente em comprar um chip de uma operadora argentina.
E sobre o restaurante, desejei muito que houvesse restaurantes do
tipo em Curitiba. Paguei cerca de R$55,00 e comi tudo que você pode imaginar,
desde comida italiana até carnes típicas argentinas e lembrei que esse valor equivale à um jantar no Madero, por exemplo. Não estou menosprezando, adoro Madero, sou fã, mas o mesmo preço que paguei no restaurante equivale à um queijo coalho, um sanduiche com hamburguer assado na grelha com batatinhas, chopp e um petit gateau do Madero (a melhor sobremesa curitibana, vale lembrar, e todo o resto muito bem feito). OK, não se compara! Esquece!!!!
Mas em questão de quantidade, nunca comi tanto e tão bem por tão pouco. Destaque para a sobremesa,
crepe de doce de leite, que me fez acreditar no comentário de que os argentinos
são reis do doce de leite. Quando vou na Mercearia Bresser, sempre peço uma
sobremesa com doce de leite argentino. Mas comer doce de leite argentino na
Argentina é muito mais gostoso. Ahhh, o nome do restaurante, La Bisteka, fica a
dica!
Na volta para casa, pegamos taxi com um senhor apaixonado pelo Brasil, foram vinte minutos de histórias sobre sua viajem de aniversário de 50 anos ao Rio de Janeiro e elogios a nossa terrinha. Perguntamos o que ele mais gostou no Brasil e ele respondeu: os brasileiros. Desci do taxi pensando que nem nós mesmos, brasileiros, damos tanto valor ao nosso próprio país e fui dormir orgulhosa.
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