quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sobre tempo e comprometimento

Nos últimos cinco anos, exceto férias, finais de semanas e feriados, acordei todos os dias às sete horas da manhã, tomei banho, me arrumei e sai correndo para pegar o ônibus e ir ao mesmo lugar: o meu trabalho.

Nossa, foram cinco anos. Nesse tempo eu realizei tanta coisa: me formei, fiz uma pós. Quando eu penso que foram cinco anos me dá um frio na barriga! Para você cinco anos parece muito ou pouco tempo? 


Para meu pai, um senhor que trabalhou a vida inteira no mesmo lugar, cinco anos é pouco tempo e eu fiz a maior besteira em deixar meu emprego. Para ele as pessoas devem se aposentar na mesma empresa que começou, e antigamente era assim que funcionava. Mas o tempo é relativo. Hoje em dia, segundo pesquisas sobre a Geração Y que lemos por aí, cinco anos parece muito tempo para se ficar em uma mesma empresa.

Sobre a dita cuja Geração Y: são os nascidos na década de oitenta, possuem facilidade com as tecnologias, pois já que nasceram na época digital, e justamente por isso são multitarefas, precisam de novidades o tempo todo e gostam de desafios. Porém, e exatamente por esses motivos, são taxados de teimosos, distraídos, superficiais, insubordinados, entre outros não tão bons adjetivos. Mas o que mais dói quando falam da Geração Y é como aquela meninada não tem comprometimento com o trabalho. O motivo? Não hesitam em correr atrás de uma oportunidade que lhe ofereça melhor equilíbrio entre retorno financeiro e vida pessoal.
Para começar, “falta de compretimento” é apenas um ponto de vista. Primeiro, já trabalhei até às três horas da manhã sem hesitar, sempre me dediquei ao meu trabalho durante o tempo que estive na empresa e quando me despeço de uma organização, por mais pressa que tenha, preciso ter certeza que meu trabalho estará em boas mãos. Nunca, em nenhum momento, desrespeiei a empresa, mas também não desrespeitei meus princípios. Ou seja, existe um outro sentido para comprometimento que diz respeito ao comprometimento com nós mesmos.

Tenho colegas de classe que trocaram de carreira, largaram a comunicação e foram ser felizes fazendo cupcakes, tocando percussão, escrevendo poesias. Sinceramente, para nós, se sentir satisfeito com o trabalho, trabalhar com o que se gosta, faz parte do comprometimento profissional. A partir do momento que você se compromete a trabalhar com determinado serviço ou empresa, nada mais justo que você faça bem feito, seja em um cargo administrativo no banco, trabalhando em tabelionato, analista de comunicação da Petrobrás ou assessor de imprensa terceirizado.

Só que comprometimento com o trabalho não tem nada haver com viver infeliz. Pelo contrário, em qualquer leitura da área de gestão saberemos que colaborador satisfeito é colaborador produtivo. Ou seja, já estava na hora de uma geração assumir a satisfação pessoal também como uma das características para um emprego.

Cinco anos: enfim, talvez os meus "cincos anos" não tenham sido "muitos" (espero que não). Comecei como estagiária quando cheguei toda dona de mim querendo aplicar a teoria aprendida na faculdade e depois de algumas rasteiras peguei exatamente o funcionamento da empresa. Aprendi muito. Fui contratada, elaborei procedimentos, apliquei novas ferramentas, sempre para melhorar a comunicação da organização. Confiaram a mim muitos e bons projetos com os quais tive a oportunidade de ganhar experiência profissional.

Uma colega, em uma conversa, comentou “qual o assessor que não gostaria de estar a cinco anos na mesma empresa e dominar todos os processos”. Mas a síndrome Geração Y me dominou e por mais que eu adorasse o lugar que eu trabalhava eu sentia que precisava de novidades, eu queria mais. Porém, como nunca fui a menina rica dependente dos pais, esse processo de desligamento demorou um tempo. Pensei, repensei, ponderei, planejei minha saída em seis meses. Encerrei meus cinco anos em uma determinada empresa para buscar novos horizontes na área de comunicação.

Como eu coloquei nas redes sociais no meu último dia de trabalho, despedidas são estranhas, um misto de alegria pela realização profissional e uma tristeza por deixar para trás um lugar que fez, por muito tempo, parte de minha vida. Enfim, só tenho a agradecer a oportunidade de aprender, desejar sucesso para a organização e correr atrás do meu futuro.

Em tempo: Três pessoas que pelo tempo que passei na empresa se destacaram pra mim
coragem, humildade, inteligência, profissionalismo, imparcialidade e carinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário