quarta-feira, 2 de março de 2011

A musa e o poeta

À minha musa, linda

Às vezes falha-me a pena, acomete-me a estranha sensação de sentar ante a folha em branco e sentir as palavras impulsionarem mas não levantar vôo. Como também falha-me a coragem, a capacidade de me entregar aos prazeres do mundo, de dizer as palavras singelas a ela; um medo pueril, uma dúvida acanhada e malévola, uma incapacidade de deixar minh’alma falar.

Procurei as respostas certas às minhas perguntas errada, até que me dei conta de que a todo Saí pelo mundo à procura da minha, numa viagem tresloucada, feito um desvairado a caçar nos olhos de cada mulher a inspiração para minha arte. Tateei no escuro, embrenhei-me por becos e caminhos nunca dantes pisados, no entanto minha musa parecia mais bem escondida do que imaginava. Desenhava-a linda, capaz de preencher meu vazio, de acalentar minhas madrugadas insossas, de alumiar meu pequenino coração.


Ao vê-la perguntei-me: serão os poetas cegos? Minha musa estava ao meu lado, linda como a pintei: de cabelos negros, longos e luzidios, dum mesmo brilho cálido de seus olhos puxados, e pele morena do sol. Minha musa pegou minha alma e me levou pela noite de lua cheia, fulminou certeiro meu coração: fiquei estatelado, hipnotizado feito estátua de pedra. Minha musa me beijou, um beijo carinhoso... gostoso – fiquei querendo mais. Minha musa me inspirou, mas sou mau poeta: não verso, proseio.

Do amigo
Lucas Gandin, 2006
jornalista, relações públicas, poeta e autor do blog e nem te conto

Um comentário:

  1. Eu também quero ter um amigo poeta!!! hahahaha ... Muito lindo!!!

    Beijinhos e até domingo!!! Amanhã é dia de comprinhas para o chá de panela de uma certa Moça Urbana!!! =)

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