quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Show das mulherzinhas cantarolantes

Setembro foi o mês dos shows, ao menos para mim. Não tantos quanto eu gostaria, mas o suficiente para me satisfazer quando o mês terminou. Dois no total. Mas lhe digo, se eu fosse em dois shows por mês, certamente eu seria uma pessoa mais feliz. Assistir mais shows foi uma das minhas metas não cumpridas para o ano de 2012. Deixei de ir a muitos bons na cidade e fora dela, algumas vezes por falta de dinheiro, de companhia ou de um pouquinho mais de esforço próprio. Estenderei a meta para o próximo ano e aproveitarei as últimas oportunidades nesses dois últimos meses que nos restam.

Os shows, bem, foram apenas dois, mas foram dois grandes shows, por coincidência shows de duas mulheres, as quais fazem parte do meu playlist "mulherzinhas cantarolantes": Tulipa Ruiz e Maria Rita.
Tullipa – Se você pensa que uma moça com nome de flor vai ser delicada, se engana. Ela é impetuosa, intensa, brutal, fala palavrão, ocupa cada milímetro do palco, se arrasta no chão, como uma víbora. Ela é psicodélica, brilhante, ofuscante, com seus cílios postiços e vestido de paetês pretos, quase um brocal dourado. E sua voz? Brinca com a entonação, com as palavras, com as notas musicais, vai da ópera para falsetes em segundos. Desinibida, ela se joga, na música, na encenação, no meio da galera. Suas canções falam de amor, do cotidiano, das vontades, de pessoas, de relacionamentos. Conversa com o público, explica, se expõe. Não havia uma das 297 pessoas dentro do pequeno Teatro do SESC que não estivesse completamente envolvida com Tulipa. Quem estava presente pode concordar comigo que Tulipa não será uma dessas efêmeras cantoras da nova música brasileira. Um show incrível!
Show Tulipa Ruiz em Curitiba 21/09/2012 - Teatro Sesc da Esquina
Tulipa Ruiz - 21/09/2012 - Teatro Sesc da Esquina - Curitiba - PR

Maria Rita – Espetacular, ela e o show. Não ouvimos nenhuma de suas canções, as quais nossa geração está acostumada, a noite foi da geração de nossos pais. A cantora interpretou canções de sua mãe Elis Regina para a emoção daqueles que conheceram essa grande e polêmica artista, assim como para aguçar a curiosidade e admiração daqueles que só conheceram sua voz. Maria, grávida sambava no palco em um salto altíssimo, soltava a voz em canções que fizeram muita gente parar e refletir durante e sobre a vida. Canções de amor, políticas, ambientalistas, pausadas apenas para que a filha contasse um pouco sobre o pouco que conheceu da mãe e sobre o muito que se dizia da personalidade, do talento e da voz de Elis Regina. Em vários momentos a artista se emocionou no palco, fazendo jus a arte herdada de sua mãe: pular da melancolia para a explosão de felicidade de uma canção para outra. Um show inesquecível!
Maria Rita - 28/09/2012 - Teatro Guaíra - Curitiba - PR
Maria Rita - 28/09/2012 - Teatro Guaíra - Curitiba - PR
Enfim, o mês foi setembro e eu ensaiei essas palavras desde então, mas mesmo ausente do blog eu queria compartilhar essa experiência. Hoje, finalmente eu sentei e resolvi escrever minhas impressões. Como sempre digo, não sou crítica musical, sou apenas uma curitibana que gosta de boa música.
Dois grandes shows, duas grandes mulheres, duas grandes artistas. Que elas continuem honrando a história musical de suas família para que façam ouvidos mais saudáveis com suas músicas de qualidade e vidas mais ritmadas com suas vozes em nossas trilhas sonoras.
Obs.: As fotos dos shows foram tiradas com a câmera do iPhone 3G, por isso a indecência na qualidade!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Por que eu queria matar minha colega de quarto?


Ok, matar é um pouquinho exagerado, não? No máximo queria bater sua cabeça na parede porque ela enlouquecia minha vida. Primeiro foi a desordem na casa, louça suja, geladeira entupida de restos de comida em sacolas, pratos, panelas. Eu fazia questão de deixar tudo limpo depois de usar, mas a gentileza não era recíproca. Quando eu chegava com minhas compras tinha que reorganizar a geladeira, definindo os espaços relativos a cada uma. Senti-me um pouco irritante e achei melhor comer fora de casa todos os dias antes que eu me transformasse em um Sheldon Cooper da vida real. Abdiquei minha parte da geladeira e não entrei na cozinha por pelo menos uma semana para evitar os calafrios. 

O lixo era outro problema. Em Buenos Aires o lixo deve ser retirado entre às 20 e 21 horas de domingo a sexta, ou seja, alguém tinha que incorporar o hulk e carregar escadaria abaixo os vários sacos mal cheirosos. E adivinha quem frequentemente fazia esse serviço? Eu, lógico, só de imaginar insetos na casa tinha arrepios. Um dia fiz um pedido gentil “Tienes que ayudarme com la basura, puedes sacarla mañana?”, no dia seguinte reiterei o pedido “Sacas la basura hoy , por favor, no olvides”, no terceiro dia foi quase um grito “NO CREO QUE OLVIDASTE DE SACAR LA BASURA”. Era 21h10 eu tinha acabado de chegar, desci a escadaria correndo para me certificar que o caminhão de lixo não havia passado e interfonei ao meu apartamento puta da vida ordenando que descesse com o lixo. 

Não aguentei, reclamei com a coordenadora dos alojamentos, não queria ser a chata que fica mandando na galera, mas também não queria ser a pata que fazia tudo sozinha. A partir dai a coisa funcionou. A louça não ficava mais suja por três dias, agora só por três horas e os sacos de lixos começaram a ser tirados conforme a escala. A vida doméstica na casa melhorou, porém a minha vida de boas noites dormidas acabou.
Eu já tinha uma teenager na casa que precisava de orientação quando ao lixo, duas teenager eu não aguentaria. E foi justamente o que aconteceu. Chegou a terceira moradora do apartamento, outra Estadounidense loira, estilo barbie que não falava um A em espanhol. Eu que não sou nem de longe fluente no inglês entendia tudo o que elas falavam, porém sentia uma dificuldade tremenda de articular as frases, mas improvisava quando precisava. O problema foi que as duas adolescentes fizeram amizade com uma terceira barbie e quando eu estava na casa me sentia como em um seriado teen.  

Ahhh não seja chata, porque não se enturmou com elas? E quem disse que não tentei? Eu e os outros americanos da escola, inclusive. Acontece que se a pessoa não era o estereótipo barbie não poderia entrar no clube, e de barbie eu tenho só a vontade de ter um conversível rosa. Até aí tudo bem, eu tinha meus amigos e elas os delas e cada grupo vivia tranquilo fazendo festinhas particulares em um cômodo da casa. O problema real começou quando elas descobriram a nigthlife porteña (que é uma delícia, diga-se de passagem). Chegavam todos os dias depois das 4 da madrugada, acompanhadas de garotos, ligando o som e conversando alto enquanto eu acordava assustada no quarto do lado e perdia o sono.
Eu pensava cinquenta vezes em como arrebentaria a cabeça de uma delas na parede, mas me limitava a parar na porta com a cara mais brava (e sonolenta) do mundo e lembrar as garotas com amnésia alcoólica que existia mais gente na casa e respeito era um negocinho bacana quando se vive em comunidade.
No outro dia, elas se deitavam para dormir as sete e meu despertador tocava às oito. Eu pensava cinco vezes antes de desligar o som do alarme, ou pelo menos até a companheira de quarto se debater na cama por conta do barulho, sinal que acordou. Cogitei preparar um café da manhã bem barulhento, com batidas altas de panela enquanto assistia um canal de culinária em espanhol no volume máximo da TV. Não o fiz. 

Por mais que cenas de vingança passavam por minha cabeça a cada dois segundos eu não colocava em prática. Primeiro por que não sou uma pessoa vingativa, segundo porque imaginei que o retorno da vingança seria pior. Lembrava de todos os filmes da Lindsey Lohan no colegial e no inferno que transformavam a vida da garota legal (sim, a garota legal sou eu), então respirava fundo e repetia “são só mais alguns dias, eu aguento". 

Uma amiga americana me contou que em muitos estados dos EUA a maioridade só vem depois dos 21 e antes de entrar na faculdade é normal que os filhinhos ganhem um intercâmbio de seus pais. Por óbvio, os jovens escolhem países que tudo é liberado depois dos 18 e não existe tanta cobrança. Buenos Aires é um lugar ótimo pra isso, a vida noturna é muito boa, todo mundo arrisca no inglês e o melhor para os americanos é vir aqui e gastar seu rico dinheirinho: um dólar equivale a quase cinco pesos argentinos.
Passou gente, fora a vontade de cometer um atentado terrorista contra as dondoquinhas a minha viagem foi ótima. As pessoas que conheci fora da casa compensaram as pessoas de dentro da casa. E como toda boa filhadaputagem que rola com cada um, depois que passa a gente ri. 

domingo, 26 de agosto de 2012

Coisas que aprendi em Buenos Aires



Tomar Café

Pois é, sempre gostei, mas não ao ponto de sentir necessidade de beber café. Em Buenos Aires tem uma cafeteria convidativa em cada esquina com médias lunas riquíssimas (gostosíssimas). Além dos quilinhos a mais, também ganhei o hábito de tomar café todo o tempo. Cheguei em casa às 23 horas e meu primeiro desejo? Tomar café!

Dividir quarto, jamais

Nunca mais na minha vida vou dividir quarto com estranhos, NUNCA! Atenção, eu disse “estranhos”. Amigas, familiares, namorado estão permitidos, claro! Passei altos perrengues com a minha companheira de quarto durante três semanas e não pretendo ter essa experiência de novo. Esse tema merece um post exclusivo futuramente.



Aparelhos Bivolt

Daqui para a frente só aparelhos bivolt, por favor. Em casa tenho dois secadores de cabelo maravilhosos que permaneceram na gaveta esperando meu regresso enquanto lá eu secava meu cabelo ao vento. Poético, mas não muito saudável quando se está com dor de garganta e o clima não é nem de perto dos mais quentes.



Cultura

Cara, não faz mal nenhum na sua vida ler um pouquinho sobre a cultura do país que se está visitando antes de nele chegar. Passei vergonha alheia no cemitério da Recoleta quando duas brasileiras, conversando em voz alta, mal sabiam quem era a tal da Evita, a qual tiravam tantas fotos em frente ao seu mausoléu. Sério, vergonha alheia, nada que um livro desses de turismo ou uma pesquisa na internet não conte um pouco sobre a história e cultura do país.

Levar camisetas

Cara, não importa que você esteja indo para o polo sul, leve camisetas! É sério, eu não sabia que os sistemas de calefação existiam em todos os lugares de Buenos Aires. Você anda na rua, no frio, entupida de casaco e quando chega em qualquer lugar tem que tirar quase toda a roupa. Se não levar camisetinhas básicas, acredite, vai passar calor ou terá que comprá-las, foi o que eu fiz.

Álbum da cidade

Quando for fazer uma viagem que lhe permita conhecer muitas pessoas de outros países, sugiro preparar um álbum de fotos de sua cidade. Todos meus amigos tinham fotos bacanas em seus facebooks para mostrar, e eu, no improviso, digitei Curitiba no google images e apresentei minha cidade aos amigos. Bacana, me salvei, mas mostrar a sua própria cidade do seu próprio ponto de vista é bem mais interessante.