sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Comeram meu Doritos!

Eu sei que era só um Doritos, não vou morrer por causa disso, mas era “meu” Doritos! Comprei especialmente para tomar com a “minha” Quilmes e adivinha só? Sumiu! No momento do desaparecimento não fiquei chocada, por que pensei que a pessoa que havia comido reporia o produto no dia seguinte. Eu mesma tomei uma Heineken de um dos habitantes do alojamento, mas na manhã seguinte comprei outra, coloquei no mesmo lugar e fiz questão de avisar o dono. Mas do meu Doritos nunca mais tive notícias!

Mesmo na minha casa em Curitiba, quando como ou tomo algo que é do meu irmão sempre reponho o produto, e vice-versa. Questão de educação, sabe? Não coloque as mãos no que não lhe pertence, foi o que minha mãe e pai me ensinaram desde pequena. Hoje mais uma surpresa mega desagradável, meu creme dental sumiu do nécessaire que estava no banheiro. Agora terei que sair de casa embaixo de chuva para comprar apenas um creme dental, porque virginiana neurótica que sou tenho pavor de comer e não correr para fazer a devida higiene bucal.  
A japonesa que mora comigo, com aqueles olhinhos pequenos e puxados, porém atenta e esperta como todo oriental, me contou que a moça que trabalha na casa tem mania de surrupiar as coisas dos moradores (além de fazer uma limpezinha bem meia-boca). Estou com coceirinha para fazer uma reclamação formal na Escola, mas julgar sem provas, com base em comentários de terceiros não tem credibilidade nenhuma, eu sei! Além disso, tenho mais habitantes na casa.. É fato que as meninas americanas e japonesas que moram comigo não tem cara de quem precise roubar pasta de dente... mas como diz o ditado engraçadinho “quem vê cara, não vê coração”.. E de gente louca o mundo esta cheio, né não?
Aiii se colocam a mão em minhas comidinhas argentinas!
Só que deixar todas as coisas trancadas na mala, inclusive comida, não tem cabimento. Viver em comunidade é uma coisa muito difícil, viu? Foi um pacote de salgadinho e uma pasta de dente, mas poderia ter sido minha câmera fotográfica, meu iPhone, meu computador. Não é o valor do objeto que classifica o roubo, é o fato de tomar para si algo que pertence a outra pessoa. E sinceramente, desonestidade me deixa bem puta da cara.. Agora eu fico pensando aqui com meus botões “sabe lá o que mais pegaram que eu ainda não percebi”...
Ou, sou que não tenho mais idade para dividir casa com estranhos, vai saber!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Buenos Aires x Curitiba

Então, não dá para atualizar o blog todos os dias né? Tenho que otimizar meu tempo ao máximo nesse um mês, mas nos momentos de descanso eu gosto de escrever aqui minhas aventuras em terras portenhas. Pois bem, essa primeira semana foi de reconhecimento. Ainda estou me familiarizando com a cidade, com os sistemas de transporte público e com a rotina dos argentinos.

Ônibus, achei engraçadinho. Aqui a gente tem que dizer ao motorista para onde vai e ele nos diz o preço que se deve pagar, e não existe cobrador, o motorista digita no sistema o valor escolhido e a máquina ao lado recebe suas moedinhas e dá o troco certinho. Porém não são novos, nem muito limpos, mas por meros 55 centavos de real nem vou exigir maravilhas. E convenhamos, os argentinos podem ser bem topetudos pra muitas coisas, menos para o sistema de transporte coletivo, o nosso modelo curitibano ganha disparado. Metrô ainda não utilizei, me limitei a conhecer os pontos turísticos na Recoleta e próximos dela, para depois cair na cidade de metrô.
Os taxis, bem, é como nas outras cidades, há mais taxi do que gente e basta levantar a mãozinha que já parara um preto e amarelo ao seu lado. Estou começando a achar que Curitiba é exceção também nos sistemas de taxi, mas nesse caso negativamente. Se uma mulher grávida esperar um taxi em dia de chuva ou horário de pico é capaz de parir ali mesmo no meio fio. Aquele nosso problema básico de falta de autorização para veiculação de novos taxis que faz do serviço artigo de luxo, mas por outro lado, impede a superlotação de veículos... Bem, uma longa discussão!

As quadras são largas, então quando um argentino falar que você vai andar dez quadras, acredite serão dez grandes quadras. Os prédios são altos, com fachadas antigas e pés direitos altíssimos e possuem sistema de calefação em todo lugar. Aqui, se investe nisso ou se tem uma hipotermia pela noite. Mentira! Estou exagerando, não posso dizer que estou passando frio aqui em Buenos Aires, hoje, por exemplo, estavam felizes dez graus e tinha sol. Bem, se for considerar o nosso tempinho filho da mãe em Curitiba, não vou passar tantos perrengues aqui por conta de frio. 
Minhas reclamações até agora são quanto ao lixo. Bem que me disseram que não encontraria uma cidade muito cuidada, e de fato, no primeiro dia fiquei assustada com a quantidade de lixo na minha rua que fica em um bairro nobre da cidade. Mas isso não tem só haver com limpeza pública, como também com conscientização da população. E por falar em conscientização, até agora não vi lixeiras de separação de lixo, no meu apartamento, por exemplo, o lixo é misturado. Posso estar generalizando, mas quando falei em sala de aula, sobre destinação correta de lixo e sistemas de reciclagem a turma toda ficou curiosa.

Outra coisa que está um pouquinho difícil de me acostumar é a rotina dos notívagos portenhos. O dia deles começa duas horas depois da nosso, almoços são ao meio dia, porém o meio dia deles é as duas da tarde, jantar as onze da noite e com comida pesada, carne, vinho, sobremesas com sorvete e doce de leite, acordam tarde e pela quantidade de comida que ingeriram a noite, o café da manhã fica limitad a uma xícara de café. Eu cresci com a teoria que devemos tomar café da manhã como um rei e jantar como um mendigo, então ainda estou penando para acostumar com essa diferença. Ahh, as baladas por exemplo começam às três da madrugada, em Curitiba esse horário eu já estou pensando seriamente em ir para casa dormir.
Ficam aqui algumas diferenças e algumas curiosidades básicas. Nada que qualquer pessoa não possa descobrir se ler qualquer artigo sobre o país. Mas aqui você pode ler sob o meu ponto de vista, ou seja, o de uma curitibana chata!

Beijos   

terça-feira, 24 de julho de 2012

Primeiro dia em Buenos Aires

Fui dormir à uma da madrugada e acordei às sete da manhã. Precisava chegar na Escola às oito para fazer meu teste de nivelamento e saber qual classe começaria as aulas. A escola fica a quinze minutos andando do alojamento, assim não teve erro, cheguei certinho no meu destino. Mas antes parei no Burguer King para tomar café da manhã, sim no BK daqui existe café da manhã. Queimei a língua no café e comi duas medias lunas.

Mas a frustação me perseguiu logo na primeira hora dentro da escola. Meu cartão internacional simplesmente não passou e eu fiquei com aquele sorriso amarelo na frente das secretárias.  Corri ao caixa eletrônico mais próximo e saquei o máximo de pesos que consegui para deixar como entrada na promessa de resolver o problema em seguida. Fiz o teste de nível e felizmente fiquei no intermediário, ou seja, minhas aulas de espanhol em Curitiba não foram em vão. De volta em casa entrei na internet e facilmente fiz meu pagamento on line, quitando minhas aulas na escola e ficando livre do sorriso amarelo.

Já que somente teria aula a tarde, aproveitei a manhã para comprar um cartão de ligações internacionais e ligar para minha mamãe avisando-a que cheguei muito bem, mas que continuava com uma dor de garganta insuportável, ela falou que rezaria por mim e eu desejei que suas orações fizessem efeito o quanto antes.

A tarde fui à aula. Penei um pouquinho no primeiro momento por causa da metodologia diferente que estava acostumada na escola em Curitiba, mas esforçada que sou logo peguei o jeito. As aulas são divididas em duas horas de gramáticas e duas horas de conversação. Eu achei ótimo, assim já aprendemos na prática o que vimos na teoria.

À noite, topei ir jantar com minhas colegas brasileiras em um restaurante em Puerto Madeiro. E a vontade de ter internet no celular começou a me dominar. A mania de fazer checkin no FourSquare cada vez que chego em um lugar tomou conta e me fez pensar seriamente em comprar um chip de uma operadora argentina. 

E sobre o restaurante, desejei muito que houvesse restaurantes do tipo em Curitiba. Paguei cerca de R$55,00 e comi tudo que você pode imaginar, desde comida italiana até carnes típicas argentinas e lembrei que esse valor equivale à um jantar no Madero, por exemplo. Não estou menosprezando, adoro Madero, sou fã, mas o mesmo preço que paguei no restaurante equivale à um queijo coalho, um sanduiche com hamburguer assado na grelha com batatinhas, chopp e um petit gateau do Madero (a melhor sobremesa curitibana, vale lembrar, e todo o resto muito bem feito). OK, não se compara! Esquece!!!! 

Mas em questão de quantidade, nunca comi tanto e tão bem por tão pouco. Destaque para a sobremesa, crepe de doce de leite, que me fez acreditar no comentário de que os argentinos são reis do doce de leite. Quando vou na Mercearia Bresser, sempre peço uma sobremesa com doce de leite argentino. Mas comer doce de leite argentino na Argentina é muito mais gostoso.  Ahhh, o nome do restaurante, La Bisteka, fica a dica!

Na volta para casa, pegamos taxi com um senhor apaixonado pelo Brasil, foram vinte minutos de histórias sobre sua viajem de aniversário de 50 anos ao Rio de Janeiro e elogios a nossa terrinha. Perguntamos o que ele mais gostou no Brasil e ele respondeu: os brasileiros. Desci do taxi pensando que nem nós mesmos, brasileiros, damos tanto valor ao nosso próprio país e fui dormir orgulhosa.