segunda-feira, 18 de julho de 2011

Felicidade e Amaciante de Roupas

Hoje mais um daqueles textos que falam sobre “a felicidade ser o caminho e não um lugar de chegada” caiu nas minhas mãos. Um texto com um conceito que milhares de pessoas já tentaram escrever das mais diversas formas e que todos já leram diversas vezes, mas que raramente faz verdadeiro sentido na nossa realidade. As vezes lemos por vontade de ler algo inteligente, as vezes pelo prazer de ouvir palavras otimistas, as vezes por tentativa de que algo inesperado mude nossas vidas em questão de segundos. Eu apenas li, de coração leve e mente aberta, e penso que pela primeira vez um texto que fala sobre “olhar a bola e não o placar” fez um pouco mais de sentido na minha vida.

Admiro aquelas pessoas que quando leem determinadas coisas praticamente encontram a solução de suas vidas. Não fosse assim, não teriam tantos livros de auto-ajuda sendo lançados no mundo a cada minuto. E eu sou daquelas pessoas que lê um paragrafo de um livro de auto-ajuda e tem vontade de se jogar pela janela junto com o livro e que adora ler textos bons e bem escritos pelo simples prazer da leitura e não com expectativa de mudar a percepção de vida.

Mas confesso que esse texto, talvez pelo meu estado de espírito atual, me fez pensar mais profundamente sobre “ver a felicidade nas pequenas coisas e não ficar esperando um grande acontecimento”. Sempre achei que eu viveria um grande amor, daqueles que dá um filme e pensando bem nunca tive um romance desses hollywoodianos e no fundo penso que ninguém teve. O que temos são boa histórias para contar, sejam elas tristes, românticas ou engraçadas. E no caso daquelas boas histórias que viram filme, nada mais que um bom diretor, um bom roteirista e um bom cinegrafista, para transformar tudo em uma obra de arte, pronta para fazer qualquer menina sonhadora assistir e desejar uma história igual.

Então hoje convido a todos a ser diretores, roteiristas e cinegrafistas da própria vida. Fácil? Nada. Clichê? Suuuuuuper.

Não adianta falar mil vezes para o outro que “a felicidade é o caminho e não um lugar de chegada”, que temos que “olhar a bola e não o placar”, que devemos “ver a felicidade nas pequenas coisas e não ficar esperando um grande acontecimento”. Essa percepção de felicidade é intrínseco de cada um. Alguns conseguem enxergar felicidade em um jardim, outros em aprender uma coisa nova, outros em tirar fotos, outros em ficar em casa assistindo tv, outros em cuidar do gato, outros em olhar pelo telescópio, outros em comer uma coisa gostosa.

Felicidade para mim está proporcionalmente relacionada a prazer e tranquilidade. É quando você se percebe fazendo algo saudável que te dá uma alegria indescritível. É quando você respira e teu coração está leve e sua mente flutua, como se estivesse fora do corpo. A última vez que senti essa sensação foi sozinha em casa na quarta-feira passada, de férias, enquanto colocava roupa na máquina de lavar e ouvia música no último volume. A melodia perfeita, o silêncio da casa e o cheiro do amaciante de roupas me permitiram uma alegria simples e sincera por estar ali, naquele lugar, naquele momento, fazendo apenas aquilo.

Taí, acho que isso é a tal da felicidade que todos falam.. Mas descrever as vezes é inútil, importante é cada um sentir a sua!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Esperando o amor chegar

E ele chega em exatamente 20 minutos, tempo necessário para que eu escreva essas linhas. Não, não.. não tenho bola de cristal, não sou cartomante, não leio tarot, nem nada... Só sei que ele realmente chegará em 20 minutos por que é o tempo que ele leva para sair de onde está e aqui chegar. Quem me dera saber quando nosso grande amor vai chegar em nossa vida.. No mínimo eu ganharia muito dinheiro com isso.

Recusei ir com ele buscar os filhos e levá-los para a casa da mãe. Pode me chamar de boba, mas apesar do frio de 12º que faz em Curitiba eu prefiro ficar sentada encolhida na frente do computador do trabalho à ficar no ar quente do banco de passageiro do carro assistindo à cenas para mim nada agradáveis.

Não tenho nada contra as crianças, mas eu não gosto é do cenário. Ainda não me adaptei com essa situação do pai entregar os filhos pra mãe, conversar rapidamente sobre eles e me dar um beijo quando entra no carro. Esse processo acontece turbulento na minha frente e meu cérebro processa tudo de forma atrapalhada. Respiro fundo e abaixo a cabeça.

Um dia, quem sabe, essa situação e tantas outras se tornem normais para mim. Enquanto isso eu vou deixando pra lá.. As vezes é bom poder deixar tudo pra lá.. E hoje é um dia perfeito para isso. Eu irei deixar as compras de cabides e almofadas pra lá, irei deixar a esteira e a neurose por emagrecer pra lá e irei deixar a necessária monografia da pós-graduação pra lá.

Hoje vou enrolar um cobertor em nossa volta, colocar um filme qualquer no dvd e curtir o meu amor que acaba de chegar.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Pai

Apesar de hoje ser apenas dois dias depois do dia das mães, eu vou escrever sobre meu pai. Sempre brinco que ele ficou com tantos ciúmes das mães sendo presenteadas no segundo domingo de maio que ele resolveu nascer justamente na mesma época. Então nessa época lá vou eu comprar presente para minha mãe e meu pai.

Presente para minha mãe foi fácil. Meu irmão sondou a preferência dela, me passou as coordenadas e lá fui eu comprar na segunda loja que entrei. Já para meu pai foi complicado comprar presente, passei um dia inteiro rodando as lojas sem saber o que comprar, meu irmão não ajudou muito também, quando eu perguntava para ele o que dar de presente para nosso pai eu só ouvia “não sei, mas compra que eu divido o valor com você”.  Vamos ver o que minha mente criativa me diz para dar de presente. Ok, ela não foi tão criativa assim, resolvi dar a mesma coisa que dou todos os anos: roupas.

Meu pai é um homem muito simples, estudou até a quinta série apenas, nunca aprendeu a dirigir, se limitou a trabalhar toda a vida no seu primeiro emprego, mas é de um bom gosto para roupas tremendo. Ele trabalha como eletricista em uma secretaria do estado, mas quando chegava no trabalho bem poderia ser confundido com qualquer um dos diretores da instituição. Depois de assinar seu ponto ele trocava sua roupa impecável, camisa de manga longa e calça social, por outra calça e camisa social, porém mais simples, e saía com seu guarda-pó e sua maleta de ferramentas.

Cresci dentro desta instituição, desde pequena iria para o trabalho com ele. Já fiz cursinho de informática e participei de milhões de festinhas dos funcionários. Até já fiz estágio lá por duas vezes, uma no segundo grau e uma na faculdade de relações públicas. Ele também já arranjou estágio e emprego para muita gente por lá, minha mãe, meus primos, minhas amigas. Onde eu passo escuto “essa é a filha do Zito”, único lugar que conseguiram achar outra forma para chamá-lo além de Seu Carlos, pois todo mundo tem dificuldade em pronunciar seu nome: Calosito.

Quando eu era criança ele me contava que ganhou este nome devido à um bisavô que havia falecido e quiseram o homenagear colocando seu nome na próxima criança nascida, que azaradamente foi meu pai. Lembro dele falando “que culpa tive eu do cara morrer?” e eu, criança, ficava séria pensando “puxa, melhor chamá-lo só de pai mesmo, para o resto da vida”.

E sim, vou chamá-lo de pai pelo resto da vida. Não o considero o melhor pai do mundo, mas de longe é o pior. Meio bronco demais, meio fechado demais, meio bêbado demais, mas é meu pai. Me trazia balas ou flores todos os dias até os meus 5 anos. Brincava de aviãozinho comigo quando pequena e na adolescência me levava em uma churrascaria diferente cada vez que eu fazia aniversário. Me ensinou a guardar 20% do que eu ganho todo mês, a não parcelar compras quando se existem juros. Sempre dizia para eu a estudar muito “para não ser um estúpido na vida como ele”, mas só por falar isso ele provava que não era tão estúpido assim. Ensinou-me que meninas não devem vestir roupas curtas perto de homens e que sinuca não é jogo de mulher decente, que cabelo tem que ficar sempre elegantemente preso, nunca jogado na cara igual uma desengonçada.

Pai, fora a parte do cabelo jogado na cara igual uma desengonçada, eu fiz tudo certinho. E fiz tudo o que me falou, principalmente estudar. E espero, de coração, que se orgulhe de mim e de meu irmão. Rezo sempre que posso para Deus lhe dar, e a mamãe, a melhor vida que ele puder, e pode ter certeza que eu e meu irmão faremos tudo que estiver ao nosso alcance. Feliz Aniversário!


O presente:

Sem muita criatividade mas inspirada no bom gosto de roupas do meu pai comprei uma calça social, uma camisa social azul, por que vermelha, sua cor preferida, não tinha no seu tamanho, e um cardigã azul. O cardigã foi o presente especial. Estamos chegando no inverno e queria dar algo que aquecesse mais que uma camisa social, então pensei em uma cardigã bacana. Para achar um modelo legal revirei minha memória para lembrar o tipo que ele gosta. E recordei de uma blusa azul estilo “avô” que ele usava que eu e meu irmão adorávamos e pegávamos escondido do armário dele para sair brincar em dias frios. Não preciso dizer que o casaco ficava duas vezes maior que eu e meu irmão, mas era nosso xodó. Devia ser aquela alegria de criança de usar as coisas dos pais para se sentir mais adulto, ou, quem sabe, era só para nos sentirmos mais próximos dele.