domingo, 26 de agosto de 2012

Coisas que aprendi em Buenos Aires



Tomar Café

Pois é, sempre gostei, mas não ao ponto de sentir necessidade de beber café. Em Buenos Aires tem uma cafeteria convidativa em cada esquina com médias lunas riquíssimas (gostosíssimas). Além dos quilinhos a mais, também ganhei o hábito de tomar café todo o tempo. Cheguei em casa às 23 horas e meu primeiro desejo? Tomar café!

Dividir quarto, jamais

Nunca mais na minha vida vou dividir quarto com estranhos, NUNCA! Atenção, eu disse “estranhos”. Amigas, familiares, namorado estão permitidos, claro! Passei altos perrengues com a minha companheira de quarto durante três semanas e não pretendo ter essa experiência de novo. Esse tema merece um post exclusivo futuramente.



Aparelhos Bivolt

Daqui para a frente só aparelhos bivolt, por favor. Em casa tenho dois secadores de cabelo maravilhosos que permaneceram na gaveta esperando meu regresso enquanto lá eu secava meu cabelo ao vento. Poético, mas não muito saudável quando se está com dor de garganta e o clima não é nem de perto dos mais quentes.



Cultura

Cara, não faz mal nenhum na sua vida ler um pouquinho sobre a cultura do país que se está visitando antes de nele chegar. Passei vergonha alheia no cemitério da Recoleta quando duas brasileiras, conversando em voz alta, mal sabiam quem era a tal da Evita, a qual tiravam tantas fotos em frente ao seu mausoléu. Sério, vergonha alheia, nada que um livro desses de turismo ou uma pesquisa na internet não conte um pouco sobre a história e cultura do país.

Levar camisetas

Cara, não importa que você esteja indo para o polo sul, leve camisetas! É sério, eu não sabia que os sistemas de calefação existiam em todos os lugares de Buenos Aires. Você anda na rua, no frio, entupida de casaco e quando chega em qualquer lugar tem que tirar quase toda a roupa. Se não levar camisetinhas básicas, acredite, vai passar calor ou terá que comprá-las, foi o que eu fiz.

Álbum da cidade

Quando for fazer uma viagem que lhe permita conhecer muitas pessoas de outros países, sugiro preparar um álbum de fotos de sua cidade. Todos meus amigos tinham fotos bacanas em seus facebooks para mostrar, e eu, no improviso, digitei Curitiba no google images e apresentei minha cidade aos amigos. Bacana, me salvei, mas mostrar a sua própria cidade do seu próprio ponto de vista é bem mais interessante.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Uma conexão e algumas conclusões


Como são três horas de espera no aeroporto para a minha conexão terei tempo para escrever um post para o blog, ou alguns posts, depende do meu esforço. Estou voltando da minha viagem de um mês a Buenos Aires para aperfeiçoar o espanhol e digamos que estou cansada... Satisfeita, mas cansada!
Foi uma experiência incrível como eu esperava que fosse.. Absorvi a cultura porteña e de bônus conheci um pouco da cultura de outros países, principalmente da Europa, por conta de todas as amizades que fiz. Considero a primeira e a última semana as melhores. A primeira porque houve aquele choque de realidade, tudo é novo e a vontade de adaptação é enorme e a última semana porque a adaptação já existia e já me sentia como se dominasse a cidade.

Para mim, essa experiência de dominar algo diferente da sua realidade é extremamente significativa na vida de uma pessoa. Forçamos a mente a todo minuto por que estamos por nossa conta em um lugar desconhecido e somos obrigados a sair da nossa rotina automatizada. Também nos ensina a entender e respeitar diferenças entre as pessoas e, principalmente, nos ensina sobre nós mesmos, pois testamos, a todo tempo, nossos limites. Todas as pessoas do mundo tem que fazer uma viagem de pelo menos um mês para outro país. A experiência é muito válida!

A cidade é linda, de fato... E tem de tudo, para todos os gostos, a romântica Recoleta, o moderninho Palermo, o alternativo Abasto, o centro histórico, a beleza de suas praças e parques. E além dos lugares, a cidade também conta uma cultura riquíssima, com seus gaúchos, seu mate, sua parrilla, seu tango, seus personagens famosos e sua história de lutas que fortaleceu o patriotismo dos porteños. 
E ainda sobre a personalidade afiada dos argentinos... é porteños são brutos e topetudos, mas como já expliquei em outro post, esse é o jeito deles. Se você fugir um pouco que seja do roteiro turístico vai perceber o humor irônico dessa gente. Mas nada que não seja aceitável, com o tempo nos acostumamos. Porém, estou torcendo para não ter absorvido o jeitão porteño durante esse um mês, porque já não sou uma flor de pessoa, imagina se agrego essas características?

Posso dizer também que quando saímos da nosso círculo damos um valor tremendo a ele. Cada vez que cozinhava algo pensava no cachorro quente caseiro da minha mãe, quando encontrava um cachorrinho na rua queria voltar correndo para casa e brincar o dia todo com o meu Benjamin, quando eu estava em algum bar muito bom pensava que a Fer iria adorar aquele lugar.

Enfim, chacoalhar toda a sua rotina é uma delícia e voltar para ela também. E a gente começa a dar valor para coisas simples como cheiro de café passado, a água quente do chuveiro, assistir seriado policial jogada no sofá, jantinhas mensais de comida mexicana com as amigas. E é bom saber que agora vou desfrutar de tudo com um gostinho de satisfação a mais.

E por último posso dizer que a parte de viajar sozinha para reflexão e autoconhecimento é uma dos motivos mais importante para se viajar para outro país. Consegui estabelecer alguns projetos futuros e jogar algumas expectativas furadas no lixo. Amanhã, quando eu acordar começarei a trabalhar em cima das novas metas, porque hoje eu só consigo pensar em dormir. Boa noite!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sobre falar mal do anfitrião

Confesso para vocês que escrevi um baita texto falando sobre o nível de ogrice dos portenhos, mas mudei de ideia! Vou contar o porquê.

Primeiro, tive contato com outro brasileiro (acho que de Recife), que veio passar as alguns dias aqui. Pois bem, fomos para um boliche, que é como eles chamam as baladas por aqui, e não conseguíamos obter uma informação coerente sobre valor de entrada e consumação dos caras que ficam na porta controlando a entrada. Segundo o guri de Recife, o qual não recordo o nome, os funcionários do boliche percebiam que ele era brasileiro e o tratavam mal para ele não entrar, ou seja, teoria da conspiração.

E a teoria existe e já é conhecida de todos, sempre ouvimos sobre a tal rivalidade entre Argentina e Brasil, mas eu sempre achei que se limitavam as brincadeiras futebolísticas até que percebi certo ar de superioridade em alguns portenhos durante as interações com brasileiros. Na escola, por exemplo, percebo que as funcionárias tem uma relação boa com o pessoal de outras nacionalidades, o que não acontece muito com os alunos brasileiros. A professora se retorce na cadeira quando alguém fala sobre como algo funciona no Brasil. Talvez isso aconteça justamente porque muita gente chega por aqui cheio de lábia no portunhol e achando que o espanhol é fácil. Quem faz isso é um I-G-N-O-R-A-N-T-E, posso dizer com todas as letras, pois estudei três níveis da língua para ter coragem de chegar aqui e arriscar nas conversas com argentinos.
E devo registrar que contrário ao certo ar de superioridade que mencionei, os portenhos que já estiveram no Brasil e conhecem os brasileiros são fãs  Quando percebem o meu acento brasileiro enquanto falo espanhol fazem mil elogios a terrinha e dizem o quãp somos um povo especial.
Outro ponto de vista é que os portenhos estão ofendidinhos, porque a Argentina já foi uma grande nação e agora o Brasil está na superioridade, economicamente falando. Ou seja, enquanto por aqui o pessoal está vivendo numa crise danada a gente vem pra cá comprar jaqueta de couro. Mas é fato também que grande porcentagem da economia do país é movida pelo Turismo, então não é um bom argumento. Sem contar que os brasileiros tem fama de muita coisa por aqui, mas esses detalhes ficam para outro post, porque a lista de adjetivos é grande.
Último ponto de vista e mais convincente para mim: os portenhos não destratam ninguém, eles são assim mesmo: gaúchos, metidos, machões, falam alto, são objetivos.. É o jeito deles, está na cultura, eles não são assim só com você brasileiro, eles são assim com todo mundo. E se você resolveu passar um tempo aqui, se acostume. Eu estou me acostumando com os atendimentos meia-boca, com as poucas palavras dos taxistas, com as informações pela metade. Mas isso porque sou uma curitibana chata, talvez sirva para me ensinar a ser mais tolerante.

E por que os brasileiros sempre chamam os portenhos de topetudos?
Bem, primeiro porque eles não são tão acalorados e extremistas como os brasileiros e fica aquela sensação de descontentamento da nossa parte. Se eles fossem na nossa casa, daríamos a nossa cama para eles dormirem, mas isso somos nós e não eles. Aprendi que aqui não se pode e não se deve comparar, o que pra mim é quase impossível, posso dizer que é um desafio.
Segundo por que eles tem um orgulho admirável do seu país, eles podem até falar mal da política, do metrô, do governo, da economia, mas aí de você, um cara de fora, falar mal. E melhor, podem falar mal, mas não ficam parados, fazem greves, saem nas ruas protestar. Eu brinco que é a cidade piquete, mas no fundo tenho invejinha, se a quantidade de brazuca se juntasse para fazer alguma exigência provavelmente o governo atenderia muito rápido e ainda com o rabinho entre as pernas, mas somos um povo muito “buena onda” como se diz aqui em Buenos Aires.

Argentina x Chile

E falando de implicância, a rivalidade no futebol fica pequena quando comparada ao tratamento que  os argentinos dão aos chilenos. O espanhol falado no Chile por aqui é extremamente criticado, dizem que falam muito rápido, sem parar, emendando palavras, e que não falam corretamente. Bem, se não falam corretamente eu não sei, mas que falam mais rápido é verdade, por isso estabeleci um parâmetro: quando eu entender um chileno bêbado falando, conseguirei entender o espanhol de qualquer outro país. Ahhh e tem a questão histórica também, Chile e Argentina tiveram grandes richas por conta de conflitos territoriais e por conta do apoio chileno aos ingleses na Guerra das Malvinas.
Enfim, após essa análise e, principalmente, após escutar o menino de Recife falando mal dos portenhos em alto e bom som no meio das ruas de Palermo, percebi o quanto é deselegante falar mal do seu anfitrião. Quase falei pro guri, abaixa a bola amiguinho que você está na casa dos caras, se você está tão insatisfeito vai embora, pronto! Sério, senti vergonha alheia do brasileirinho mal amado e percebi que os portenhos, apesar do jeitão, tem um lado bem bacana, basta saber entendê-los.
Por hoje é só pessoal! Beijos a todos!!!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Comeram meu Doritos!

Eu sei que era só um Doritos, não vou morrer por causa disso, mas era “meu” Doritos! Comprei especialmente para tomar com a “minha” Quilmes e adivinha só? Sumiu! No momento do desaparecimento não fiquei chocada, por que pensei que a pessoa que havia comido reporia o produto no dia seguinte. Eu mesma tomei uma Heineken de um dos habitantes do alojamento, mas na manhã seguinte comprei outra, coloquei no mesmo lugar e fiz questão de avisar o dono. Mas do meu Doritos nunca mais tive notícias!

Mesmo na minha casa em Curitiba, quando como ou tomo algo que é do meu irmão sempre reponho o produto, e vice-versa. Questão de educação, sabe? Não coloque as mãos no que não lhe pertence, foi o que minha mãe e pai me ensinaram desde pequena. Hoje mais uma surpresa mega desagradável, meu creme dental sumiu do nécessaire que estava no banheiro. Agora terei que sair de casa embaixo de chuva para comprar apenas um creme dental, porque virginiana neurótica que sou tenho pavor de comer e não correr para fazer a devida higiene bucal.  
A japonesa que mora comigo, com aqueles olhinhos pequenos e puxados, porém atenta e esperta como todo oriental, me contou que a moça que trabalha na casa tem mania de surrupiar as coisas dos moradores (além de fazer uma limpezinha bem meia-boca). Estou com coceirinha para fazer uma reclamação formal na Escola, mas julgar sem provas, com base em comentários de terceiros não tem credibilidade nenhuma, eu sei! Além disso, tenho mais habitantes na casa.. É fato que as meninas americanas e japonesas que moram comigo não tem cara de quem precise roubar pasta de dente... mas como diz o ditado engraçadinho “quem vê cara, não vê coração”.. E de gente louca o mundo esta cheio, né não?
Aiii se colocam a mão em minhas comidinhas argentinas!
Só que deixar todas as coisas trancadas na mala, inclusive comida, não tem cabimento. Viver em comunidade é uma coisa muito difícil, viu? Foi um pacote de salgadinho e uma pasta de dente, mas poderia ter sido minha câmera fotográfica, meu iPhone, meu computador. Não é o valor do objeto que classifica o roubo, é o fato de tomar para si algo que pertence a outra pessoa. E sinceramente, desonestidade me deixa bem puta da cara.. Agora eu fico pensando aqui com meus botões “sabe lá o que mais pegaram que eu ainda não percebi”...
Ou, sou que não tenho mais idade para dividir casa com estranhos, vai saber!