terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Crítica aos homens curitibanos


Outro dia, conversando com uma pessoa sobre relacionamentos, ouvi a seguinte pergunta: “Como alguém bonita, inteligente e criteriosa como você está solteira?”

Depois de rir por causa do referido comentário eu disse “Bem, para começar a parte do criteriosa já te diz alguma coisa”. Mas o criteriosa da pessoa que conversava comigo se referia do meu gosto por livros, músicas, filmes, etc, já que era sobre isso que falávamos um pouco antes. Agradeci o elogio, mas tentando remediar a pergunta fatídica feita antes, e contrariando opiniões de amigas que julgam meus gostos “exóticos”, afirmei que “criteriosa” pode bem servir para relacionamentos.

Enfim, não acho apenas que eu seja criteriosa demais. Os homens de Curitiba também não ajudam nem um pouco. E agora é a hora que exponho uma reclamação minha e de muitas mulheres solteiras com as quais venho debatendo essa teoria nos últimos dias.

Aqui, nessa cidade, acontece uma coisa chamada extremismo. É oito ou oitenta. Ou o cara não tem a capacidade de conversar com você para te conhecer melhor ou quando isso acontece ele já quer casar e ter cinco filhos no dia seguinte. Sim, eu disse no dia seguinte. Pasmem! E olha que há um bom tempo venho analisando a espécie. Mas vou explicar direitinho.

Homem curitibano raramente toma a iniciativa de conversar com uma mulher. As vezes o cara passa horas, ou a noite inteira, te olhando, até sorri, mas não tem a capacidade de levantar a bunda da cadeira para ir puxar papo, te oferecer uma bebida ou, quem sabe, pegar teu telefone e depois ligar para te convidar para fazer tudo aquilo que deveria ter feito naquele momento e não fez. Ele só irá conversar com você se de fato estiver interessado (o que de certa forma é bom) ou um pouco bêbado, mas nesse último caso não confiamos mais em suas boas intenções, então provavelmente o cara será ignorado, merecidamente.

Ahhh boas lembranças da recepção masculina nas outras capitais do país e fora dele também (isso não foi pornográfico, acredite). Lugares onde os homens conversam com você, seja na balada, no correio, no museu, na padaria, na fila do trenzinho do corcovado.

Mas voltando a nossa querida Curitiba, vamos falar do outro extremo dos homens que aqui nasceram. O cara te olha, se aproxima, conversa com você que, simpática e atenciosa, não vê problema em conversar com o cara, mesmo que você não esteja interessada nele, porque conversar faz bem, é gostoso, e se o cara for inteligente melhor ainda, você se diverte e a noite foi bacana.

Só que no dia seguinte entregam orquídeas no seu trabalho (que você certamente comentou com ele onde era) e um bilhete do tipo “você é a mulher da minha vida, quero me casar com você”. Dai os dois se apaixonam, se casam e vivem felizes para sempre. NÃO, definitivamente não.

Isso, claro, vai de cada pessoa, cada história, cada casal. Já soube de histórias lindíssimas, dignas de ser comparadas a contos de fadas e com direito àquela frase “e foram felizes para sempre”.

Mas, minha dúvida é: como que apenas uma noite de conversa é suficiente para o cara te pedir em casamento? E agora é a hora que você se pergunta se minha estima autoestima existe ou se eu não acredito que posso encantar alguém assim em uma noite. Mas acredite, meu bem, por mais sex appeal que possa existir, pedir alguém em casamento no dia seguinte de conhecê-la é um tanto exagerado, né? Não sei você, mas eu saí correndo desse cara. Achei ele um perseguidor, maluco, sequestrador, sei lá.

E a parte do se conhecer, se encantar e se apaixonar? Onde fica? Como fica? Pula essa parte? Nããão obrigada. Considero essa a melhor parte, a parte do encantamento, de se apaixonar, de conhecer um ao outro.

Voltando a reclamação aos homens curitibanos, sei que somos conhecidos por ser um povo frio, distante, nada acolhedor, entre outras características nada simpáticas que talvez tenham lá seu fundo de verdade, mas não precisamos provar isso para nós mesmos, certo? Deixa o povo lá de fora achar isso da gente, aqui dentro sejamos amigáveis uns com os outros ou pelo menos conversem com as mulheres, santos cristinhos!

Concluindo: homens curitibanos, conversar não tira pedaço. Acreditem, a gente não morde (em circunstâncias normais). Na próxima vez não hesite em conversar com aquela moça que te parece interessante. As vezes ela é mais interessante do que você imagina. E as vezes ela pode ser, de fato, a moça que você desejará casar no dia seguinte. Mas se for, calma, ok? Postura moço, nada de exagerar, assustar a moça e fazê-la sair correndo te achando um stalker. Vai com calma meu bem, que se for pra ser, vai ser. E ponto!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Reflexões do MON



Reflexões do MON como título para esse texto chega a ser irônico, já que o símbolo do museu, um grande olho virado para a cidade curitibana, reflete o céu em seu acabamento espelhado. Chega a ser poético, como muita coisa nessa cidade.

Reflexões no MON por que hoje levei meu cão pela primeira vez na praça que tem ao lado do Museu Oscar Niemayer, informalmente chamada de Parcão, lugar que se tornou comum aos curitibanos levar seus cães para correr livremente na grama sem o risco de ser atropelado por um automóvel, e isso me gerou alguns bons pensamentos.

Bejamin está com quatro meses e pela primeira vez teve contato com a natureza lá fora e com outros cães. O susto foi grande. O coitadinho tremia, não queria brincar e mal andava na coleira. Eu descobri que sou superprotetora e só devido as indiretas da melhor amiga, consegui soltá-lo no chão e deixar que os outros cães chegassem perto dele.

Melhor amiga inclusive que chamou meu cachorro de feio, cego, lerdo e velho. Mas como melhor amiga é melhor amiga, a gente releva. Até por que quando o cão é nosso, ele pode até ser mesmo feio, cego, lerdo e velho, mas é o nosso cão.

E atualmente aprendi que tenho o poder de filtrar comentários, o que não significa que ficarei imutável diante deles. Filtrar comentários significa saber quando eles necessitam de uma retaliação ou não. Se a pessoa lhe é importante você terá total liberdade de dizer “eu te amo, mas vai tomar no cu” e continuar a amizade. Da mesma forma que damos as costas e vamos embora sem a consideração de dizer tchau quando a pessoa não nos é importante.

Enfim, em meio a grama, árvores, insetos, cachorros, rufflles, cerveja e boas companhias descobri um pedacinho da felicidade. E é exatamente agora a hora que você fala “Putz, lá vem ela de novo com esse papinho de felicidade”.

Pois é, lá vou eu, novamente. Mas dessa vez não vou me prolongar não. Só tenho uma dica: vai um dia lá no Parcão, mesmo que você não tenha um cão, senta em um banco, sente a brisa leve bater no teu rosto, admire o céu, aproveita o sol, pense na vida, agradeça aos céus as pessoas que você tem ao lado, diga a Deus que mesmo que sua vida não esteja nem 10% perto do que você imaginou para si, você ainda tem fé no amanhã, sorria com a simplicidade dos cães correndo na grama e você saberá do que estou falando.

Por que felicidade está nas pequenas coisas e que bom que eu descobri isso bem cedo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pano pra manga


Utilizo o transporte público de Curitiba desde que me conheço por gente e posso dizer que, apesar dos defeitos, ainda é um dos melhores transportes do país, digno de ser chamado de modelo. Não que eu conheça todos os sistemas de transporte público brasileiros, mas dos que eu conheço, Curitiba ainda é a campeã. E isso também não é papinho de curitibana xenófoba não. Sei bem dos pontos positivos e negativos da cidade.

A política por essas bandas, por exemplo, é vergonhosa. As chamadas autoridades, eleitas para nos representarem junto ao Governo Federal, não tem força política, o que dificulta o repasse de verbas para o Estado. Somos amistosos demais para exigir mais, somos preguiçosos demais para criar conflitos e somos orgulhosos demais para dizer que recebemos esmolas, como mendigos.

Internamente então a coisa piora. Há tempos que não se coloca a área técnica na frente da política. Profissionais de carreira competentes aqui serão sempre assessores dos amigos dos governadores e prefeitos, que, às vezes, não sejamos generalistas, são uma indicação acertada, mas muitas vezes não são. Isso se o assessor não der o azar da oposição assumir o governo e ele ser jogado no almoxarifado. Sei de casos de órgãos públicos que não tem mais profissionais técnicos no quadro, por que eles um dia (acreditem) se aposentam, e o concurso público fica lá saindo uma vez por ano, quando sai, ofertando apenas uma vaga para cadastro de reserva.

Não existe o respaldo técnico, projetos e planejamentos ficam em segundo plano. O que é indecente. Em praticamente todas as graduações, ou qualquer curso ou palestra sobre administração, ouvimos o quanto é importante um planejamento, até mesmo para nossas vidas pessoais. Afinal, quem sai por aí gastando o dinheiro no que bem entender? Estou falando de pessoas normais e trabalhadoras, como nós, que fique claro. Para fazermos uma viagem, planejamos, para chegarmos a determinado cargo, planejamos. E ainda assim, com essa questão básica esfregada no nariz do cotidiano político, só existem planos de governos, que por óbvio, mudam a cada governo.

Óbvio também que isso não se limita apenas ao Paraná e mais óbvio que isso também se estende a empresas e entidades de classe. E claro que essa é uma visão, talvez superficial ou extremista, depende do ponto de vista, mas é uma visão, e que considero válida, inclusive. Repito, não sou socióloga ou cientista política, sou uma comunicadora que às vezes, quando pensa na realidade da política brasileira, se entristece.

Já fui muito mais interessada em política do que sou hoje. Um dia, há muito tempo atrás, queria trabalhar com isso. Esse era um dos meus objetivos quando comecei a faculdade de Relações Públicas. Imaginava-me assessorando partidos e candidatos. Até tentei uma vez trabalhar em um partido que eu admirava, mas, para a minha sorte, não deu certo. Eu lia muitos livros sobre a história da política brasileira, amava o tema ditadura militar e populismo. Hoje entendo que o que me encantava tanto era a literatura, a memória, a história, e não a política em si.

O sonho acabou quando a professora de Comunicação Política levou assessores de políticos para nos contar como é a vida de uma profissional da área. Quando ouvi de um dos assessores falando a seguinte frase sobre os mandatos dos deputados “o cara entra lá e tem que escolher entre ser corrompido ou não ter nenhum de seus projetos aprovados”, desisti. Preferi ir dobrar guardanapos em eventos, como todos brincam sobre a profissão de um RP.

Minto, ainda mantive um resquício de admiração pela política, mas convertida para o “bem”, como ela deveria ser sempre, sinceramente e utopicamente falando. Escolhi o tema comunicação política para a monografia, mas nada envolvendo partidos ou pessoas. Estudei as propagandas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que ensinava os cidadãos a votarem e sua influência sobre os eleitores. Me joguei no trabalho de conclusão de curso, dedicação total e consegui um merecido dez na nota. Um dia com calma, escrevo sobre o famigerado TCC aqui no blog.

O tema me encantou, confesso. Toda vez que chega período eleitoral paro na frente da TV para assistir as campanhas do TSE. E mais uma vez descubro que o que me encantava não era a política, era o social, a educação, a conscientização. Ainda assim, fui dobrar guardanapos (para quem não conhece essa brincadeira um dia eu conto essa história direito – tema para outro post).

Do que eu estava falando mesmo? Ahhh do transporte público eficiente de Curitiba. Pois é minha gente, nesse post eu iria escrever sobre as cenas engraçadas, impossíveis, medonhas, cabulosas e trágicas que acontecem dentro de um biarticulado. Mas o tema desandou para um outro lado. Isso acontece às vezes com pessoas que escrevem sem temas definidos, que escrevem apenas pelo prazer de escrever. A gente abre a mente e deixa sair, simplesmente.

O biarticulado fica para outra hora, afinal ele passa todos os dias, atrasado ou não (menos em dia de greve). Já política, como normalmente (e infelizmente) só tratamos com profundidade em épocas de processos eleitorais, nada mais justo que quando o tema venha na cabeça não repreendê-lo, certo?

Mas vou parar por aqui por que sei que política é muito pano pra manga..

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Era uma vez um chá de panela

Eu posso até não casar mais (favor bater três na madeira depois que ler isso), mas eu orgulhosamente já tive um chá de panela. E foi uma experiência incrível. Organizado pelas minhas melhores amigas teve balões lilases e vasos de flores, castigos, coreografias, farinha, fantasias, risadas e ypioca de frutas vermelhas.
Maldita ypioca de frutas vermelhas, diga-se de passagem. No fim da noite mal conseguia me equilibrar, chorei para as amigas presentes pela incerteza dos fatos e repetia a mesma história cinco vezes. Algo me dizia que aquilo não estava certo.
Tomar a iniciativa para fazer o chá foi um verdadeiro parto, foi um processo de autoconvencimento. Algo me dizia lá no fundo da minha mente preconceituosa e do coração inseguro que as condições que eu estava aceitando não me permitiam ser digna de um chá de panela. Eu não iria me casar, iria morar com um namorado. Bateu uma incerteza de ser bem aceita. Uma disputa hipócrita entre o desejo de ser feliz e a busca do conto de fadas.
Muitas das minhas amigas pediram para ver as fotos que, fora eu e a amiga fotógrafa, ninguém viu. Com o tempo minhas amigas pararam de me cobrar, provavelmente imaginando que aquelas imagens me trariam lembranças tristes e que eu não queria tocar no assunto. E tinham razão.
No meio da última semana outra amiga me perguntou “eu não vou ver nunca mesmo aquelas fotos do chá né?”. Então pensei: e por que não escrever sobre ele? Respirei fundo, sentei em frente ao computador e decidi testar os meus limites escrevendo sobre algo que me traria lembranças insuportáveis.
Agora, ordenando os pensamentos, percebo que o chá me deu algumas certezas:
Primeira, seus amigos vão ser sempre seus amigos, nem que você case com um cara sete anos mais novo que trabalhe de garçom e te faça feliz ou com um cara sete anos mais velho, estável financeiramente e que te magoe cinco meses depois. Independente da situação minhas amigas estavam lá, cada qual com sua teoria, torcendo para que desse tudo muito certo na minha vida e contribuindo generosamente com panelas, copos, potes, açucareiro, jarras, lixeirinha, luva de fuxico, puxa-saco e porta pano de prato em formato de galinha.
Segunda, aprendi que posso contar muito mais com amigos do que com família. Da numerosa família do lado do meu pai que vive em Curitiba, duas tias foram ao chá, uma delas minha madrinha. Do lado da família da minha mãe, só mesmo a minha mãe (até por que 70% da família dela vivem em Santa Catarina). Mas não posso ficar chateada pela falta de adesão familiar. Eu terceirizei o convite, quem os entregou foi minha mãe. Recusei-me, talvez por já saber que isso aconteceria, talvez por não estar interessada nas críticas que receberia. Então nesse caso eu não aprendi nada, só confirmei que os amigos são a família que Deus nos permitiu escolher.
Terceira e última: Descobri que podemos ordenar nossos sentimentos e decepções em formas de gavetinhas no nosso cérebro, assim como brincamos que os homens fazem. Eu tirei o chá de panela da gaveta de momentos dolorosos para a gaveta de momentos importantes. O chá não era um momento doloroso, mas lembrava de um. O chá não teve culpa de nada e mesmo assim permiti que ele fizesse parte de um trauma. O chá foi uma experiência incrível da minha vida e acabei escondendo o fato de mim mesma por que ele me lembrava de algo ruim, pesado, penoso.
O chá foi uma divertida festa com minhas amigas que estavam lá para dizer que tinham uma consideração enorme por mim e que torciam para que tudo desse certo na minha vida. E tem motivo mais importante que esse para se comemorar? Hoje, com a alma lavada, posso dizer que orgulhosamente tive um chá de panela.
Tenho boas amigas sei que posso contar com elas.
São as famosas compensações da vida que sempre comento por aqui.

Ps1.: A utilização dos presentes na forma “dri dona de casa” durou pouco, cinco meses apenas, mas os presentes eu tenho certeza que vão durar bastante. A cozinha da minha mãe que o diga.

Ps2.: Esse é um muito obrigada, um pouquinho atrasado, para todas as pessoas especiais que estavam ao meu lado naquele momento e que, espero (rezo, torço, peço a Deus), permaneçam na minha vida sempre.