Outro dia, conversando com uma pessoa sobre relacionamentos, ouvi a seguinte pergunta: “Como alguém bonita, inteligente e criteriosa como você está solteira?”
Depois de rir por causa do referido comentário eu disse “Bem, para começar a parte do criteriosa já te diz alguma coisa”. Mas o criteriosa da pessoa que conversava comigo se referia do meu gosto por livros, músicas, filmes, etc, já que era sobre isso que falávamos um pouco antes. Agradeci o elogio, mas tentando remediar a pergunta fatídica feita antes, e contrariando opiniões de amigas que julgam meus gostos “exóticos”, afirmei que “criteriosa” pode bem servir para relacionamentos.
Enfim, não acho apenas que eu seja criteriosa demais. Os homens de Curitiba também não ajudam nem um pouco. E agora é a hora que exponho uma reclamação minha e de muitas mulheres solteiras com as quais venho debatendo essa teoria nos últimos dias.
Aqui, nessa cidade, acontece uma coisa chamada extremismo. É oito ou oitenta. Ou o cara não tem a capacidade de conversar com você para te conhecer melhor ou quando isso acontece ele já quer casar e ter cinco filhos no dia seguinte. Sim, eu disse no dia seguinte. Pasmem! E olha que há um bom tempo venho analisando a espécie. Mas vou explicar direitinho.
Homem curitibano raramente toma a iniciativa de conversar com uma mulher. As vezes o cara passa horas, ou a noite inteira, te olhando, até sorri, mas não tem a capacidade de levantar a bunda da cadeira para ir puxar papo, te oferecer uma bebida ou, quem sabe, pegar teu telefone e depois ligar para te convidar para fazer tudo aquilo que deveria ter feito naquele momento e não fez. Ele só irá conversar com você se de fato estiver interessado (o que de certa forma é bom) ou um pouco bêbado, mas nesse último caso não confiamos mais em suas boas intenções, então provavelmente o cara será ignorado, merecidamente.
Ahhh boas lembranças da recepção masculina nas outras capitais do país e fora dele também (isso não foi pornográfico, acredite). Lugares onde os homens conversam com você, seja na balada, no correio, no museu, na padaria, na fila do trenzinho do corcovado.
Mas voltando a nossa querida Curitiba, vamos falar do outro extremo dos homens que aqui nasceram. O cara te olha, se aproxima, conversa com você que, simpática e atenciosa, não vê problema em conversar com o cara, mesmo que você não esteja interessada nele, porque conversar faz bem, é gostoso, e se o cara for inteligente melhor ainda, você se diverte e a noite foi bacana.
Só que no dia seguinte entregam orquídeas no seu trabalho (que você certamente comentou com ele onde era) e um bilhete do tipo “você é a mulher da minha vida, quero me casar com você”. Dai os dois se apaixonam, se casam e vivem felizes para sempre. NÃO, definitivamente não.
Isso, claro, vai de cada pessoa, cada história, cada casal. Já soube de histórias lindíssimas, dignas de ser comparadas a contos de fadas e com direito àquela frase “e foram felizes para sempre”.
Mas, minha dúvida é: como que apenas uma noite de conversa é suficiente para o cara te pedir em casamento? E agora é a hora que você se pergunta se minha estima autoestima existe ou se eu não acredito que posso encantar alguém assim em uma noite. Mas acredite, meu bem, por mais sex appeal que possa existir, pedir alguém em casamento no dia seguinte de conhecê-la é um tanto exagerado, né? Não sei você, mas eu saí correndo desse cara. Achei ele um perseguidor, maluco, sequestrador, sei lá.
E a parte do se conhecer, se encantar e se apaixonar? Onde fica? Como fica? Pula essa parte? Nããão obrigada. Considero essa a melhor parte, a parte do encantamento, de se apaixonar, de conhecer um ao outro.
Voltando a reclamação aos homens curitibanos, sei que somos conhecidos por ser um povo frio, distante, nada acolhedor, entre outras características nada simpáticas que talvez tenham lá seu fundo de verdade, mas não precisamos provar isso para nós mesmos, certo? Deixa o povo lá de fora achar isso da gente, aqui dentro sejamos amigáveis uns com os outros ou pelo menos conversem com as mulheres, santos cristinhos!
Concluindo: homens curitibanos, conversar não tira pedaço. Acreditem, a gente não morde (em circunstâncias normais). Na próxima vez não hesite em conversar com aquela moça que te parece interessante. As vezes ela é mais interessante do que você imagina. E as vezes ela pode ser, de fato, a moça que você desejará casar no dia seguinte. Mas se for, calma, ok? Postura moço, nada de exagerar, assustar a moça e fazê-la sair correndo te achando um stalker. Vai com calma meu bem, que se for pra ser, vai ser. E ponto!