sábado, 31 de dezembro de 2011

Retrospectiva



No ano de 2011 eu passei o réveillon na praia de Copacabana, no meio da galera que assiste o show da praia do Rio de Janeiro ao vivo e não pela TV como estamos acostumados. Passei o maior perrengue por causa de um xixi amigo – estava mais para inimigo – e nunca tantos gays passaram a mão em um namorado meu.

Em janeiro ainda eu fui para Florianópolis para a formatura de uma sobrinha do namorado, a qual se tornou a sensação mais angustiante do meu ano. Eu fui vestida de passeio completo e lá – talvez por ser praia e muito calor – as moças vão para bailes de formatura como nós curitibanas vamos vestidas para a balada. Fora os olhares intimidadores de como se eu fosse a pivô de uma separação, as provocações infantis e a dedicação em me mostrar que eu não pertencia àquela família.

Em março casei. Não de papel passado, com festa, bolo e brigadeiro como eu sempre quis. Mas com um canto “por cinco meses” mais ou menos sossegado. Ou seja, fui morar junto com um namorado. Em março também, inaugurei esse blog, achando que as novidades da vida de casada pulariam das minhas mãos para o papel – ou dos meus dedos para o word, nesse caso – mas não foi bem assim que aconteceu, o blog e eu travamos.

Em Julho tirei férias e fui a Santiago, capital do Chile na casa de alguns amigos. Foi minha primeira e inesquecível viagem internacional. Pisei nas cordilheiras, esqueie, andei de teleférico, bebi chopp olhando para a neve, tomei pisco sour, vi o pacífico no outro extremo, assisti copa américa, gritei chichichilelele viva chile, visitei museus, conheci a casa de Pablo Neruda e sua Matilde a La Chascona, tirei fotos na rua Paris com Londres, fiz compras em outlets, fiz compras em brechós, gastei muitos pesos em apaixonantes feirinhas de artesanato, quase comprei livros da Isabel Allende e do Neruda, mas não comprei por que não sabia falar espanhol, provei cerveja chilena da ilha de páscoa, comi comida “tentativa” de japonesa e mexicana no Chile, conheci as terras de Don Melchior Concha y Toro, comi muito peixe, bebi muito vinho, passei frio e aprendi um pouquinho sobre cultura chilena em dez dias.  

Em agosto me separei, sem papel passado, muito menos festa e brigadeiro. Simplesmente fui embora, sem arrependimento, mas com uma dor absurda no coração. Descobri que estava depressiva e comecei a medicação com um tratamento previsto para seis meses. Comecei um curso de espanhol, como iniciativa para fugir dos pensamentos melancólicos e quem sabe dar um up na minha carreira ou nas futuras viagens.

Em setembro fugi, fui passar o feriado de sete de setembro na cidade maravilhosa com a melhor amiga. Esqueci os antidepressivos e ansiolíticos na gaveta em Curitiba e tomei cerveja sentada nas praias de Ipanema, Copacabana e Leblon, caí no samba da Lapa, conversei em inglês e espanhol com novos amigos estrangeiros, visitei museus em greve, lanchei na tradicional confeitaria Colombo e almocei no famoso Astor, comprei cristo em miniatura e imãs de geladeira para meus queridos. Cantei alto apontando para o céu “eu quero é viver em paz, por favor me beija a boca”.

Em outubro fugi de novo, mas foi por um bom motivo, digamos que realizei um sonho alcoólatra da minha vida, fui para a Oktoberfest, em Blumenau. Digamos que basicamente desde os meus 18 anos e desde que eu posso legalmente consumir bebidas alcoolicas eu queria conhecer uma Oktoberfest. Esse ano me organizei com mais duas Fernandas e fomos dando risada dentro de um ônibus de excursão. Em outubro também, reencontrei uma pessoa por quem sempre tive uma certa paixão, mas que sempre me mantive convencida de que não era o tempo certo. Descobri que o tempo certo não existe. O que existe é a pessoa certa, e essa, bem, não era ele.

Em novembro fugi ainda mais uma vez, fui visitar uma amiga em Itajaí e descobri que umas das coisas mais gostosas para se fazer é visitar amigos em outras cidades. Você conhece outra cidade, outra cultura, outras pessoas, mata saudade dos seus queridos e ainda foge um pouco da tua realidade de vida que as vezes te consome, seja trabalho, família, ou a falta dela. Em novembro também foi o mês do Benjamin, meu filhote de Shith Zu, chegar na minha casa e tornar a minha família mais feliz.

Na passagem do mês onze para o mês doze tomei uma decisão, largar o tratamento para depressão. Me convenci que todo mundo sofre de amor e que maquiá-lo com remédios só iria prorrogar o sofrimeno. Joguei as drogas fora e lógico que meu mundo caiu. Tive crises de chorro terriveis e vontades angustiantes de nunca mais levantar da cama. Minha imunidade caiu absurdamente e fiquei praticamente um mês doente. Mesmo assim foi uma boa época para a atitude tomada, muito trabalho, várias confraternizações, espíritio natalino no ar, programação de viagem e novos planos ocuparam minha mente.

Em dezembro, trabalhei. Não que nos outros meses do ano eu não tenha trabalhado, mas o meu trabalho, no lugar que eu trabalho atualmente, tem uma demanda gigante no mês de dezembro e consegui chegar a 30 horas extras, quase uma semana só de horas extras. Conclusão: o trabalho não ficou 100%, talvez por que o trabalho envolva uma equipe formada por pessoas que são falíveis, ou talvez por que falhas acontecem quando uma equipe é muito pequena, limitada e sem autonomia. Em dezembro também, realizei outro sonho: fui ao show do Chico Buarque, que já rendeu um post único nesse blog. Eu sempre quis ver aquele homem de perto, e consegui da oitava fileira. Fui em outros shows ao longo do ano como Zeca Baleiro, Maria Gadu, Teatro Mágico, Jair Rodrigues, Ultraje a Rigor (esses três últimos na Virada Cultural de Curitiba).

Sem contar que meu natal foi maravilhoso, com a presença da família, do chinezinho - que teve o primeiro natal de sua vida - com surpresas, lírios, presentes bacanas, entre eles livro da Isabel Allende e do Pablo Neruda em espanhol ganhados da melhor amiga.

Bem esse ano foi uma roda gigante, com altos e baixos e nada equilibrados. Sem novidades no trabalho, mas com muito mais trabalho e dedicação. Sem encontrar o amor da minha vida, mas com grandes amores extremistas. Foi o ano que mais chorei na minha vida e tive decepções homéricas com pessoas que amava. Casei, separei, me apaixonei por alguém em uma noite longe da minha cidade, reencontrei uma antiga paixão que melhor seria ter ficado como “antiga paixão”. Viajei o suficiente, Rio de Janeiro, Florianópolis, Chile, Rio de Janeiro de novo, Blumenau, Itajaí. Mantive amigos, reforcei ainda mais amizades verdadeiras, fiz novos. Deixei uma criatura linda de quatro patas entrar na minha família.

Eu agradeço a cada momento que tive na minha vida, seja bom ou ruim. Por que o bom me fez valorizar a vida e por que os ruins me fizeram mais forte, mais preparada para lutar a cada dia para que meus sonhos e os sonhos das pessoas que eu amo se realizem. E vou rezar por todos que eu desejo o bem e por um mundo com pessoas de bem, cada vez mais e sempre!

5 comentários:

  1. Em 2012, começaremos com o pé direito. A roda gigante terá mais momentos em cima do que embaixo. E terá um sorriso maior, mais iluminado do que o que pude conhecer este ano - que já me impressionou. Que o tempo certo pode não existir, mas a pessoa certa, esta o tempo ajuda a revelar. Um ótimo ano, Dri!

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  2. Lindo... não consigo pensar em mais nenhuma palavra para descrever o que acabei de ler...simplesmente lindo...E que 2012 seja assim, lindo, apaixonante, envolvente...Feliz 2012 Dri!!!

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  3. Adorei Dri!!!! E 2012 promete novas emoções, vamos que vamos!!! te adoro miga

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  4. Foram altos, foram baixos ... mas não foi estável. Quero dizer, não foi aquela vidinha monótona, parada e conformada.

    Viajar, sair, beber, trabalhar .... São os melhores remédios para a depressão. E bora começar 2012 com a mesma intensidade. Como disse no meu post, menos lágrimas, a não ser que sejam lágrimas de alegria!!! =)

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  5. Olha, caí no seu blog pelo motivo menos nobre do mundo que não cabe citar agora, mas me identifiquei muito com tudo que escreveu.

    Sei o que é tomar antidepressivos na tentativa de superar uma perda amorosa, parei de tomá-los assim como vc e foi a melhor decisão.

    Nenhuma dor dura para sempre e o tempo faz com que achemos graça naquilo que hj parece impossível. Sou a prova viva...

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